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the old soul girl

the old soul girl

13
Nov19

um caminhada (nada) curiosa

girl

Era o seu ritual matinal e de fim do dia: caminhar. Morava a uma distância relativamente curta da faculdade, cerca de dois a três quilómetros, pelo que percorria diária e religiosamente aquele percurso a pé. 

De manhã, caminhava para despertar. Ao som da música, outras vezes a falar com a mãe ao telemóvel ou até em silêncio, entregava-se ao caminho e lá ia ela, acordando gradualmente, dispersando o mau humor, a vontade de dormir, as preocupações e toda uma série de mazelas. Quando chegava à faculdade, sentia-se renovada. Podia fazer chuva, frio ou até um calor desértico, mas nada constituía um obstáculo que não pudesse ser ultrapassado. Tornou-se campeã em enfrentar tempestades, tudo graças à vontade de caminhar e evitar transportes públicos. 

Ao fim de um dia de aulas, a caminhada já não era um despertador, mas antes um entorpecedor. Entre a faculdade e a chegada a casa, tinha oportunidade de descomprimir, de refletir acerca do dia, de organizar mentalmente a agenda de tarefas, de respirar ar puro. Quando colocava a chave na porta, sentia-se leve. Por muito cansada que chegasse, sentia-se bem. 

Não era um percurso particularmente bonito, mas fazia parte da sua rotina. Não tinha nada de curioso, ao fim de pouco tempo tornou-se até bastante familiar. Era a oportunidade perfeita para estar consigo mesma antes de se conectar com o mundo e, depois, de se desconectar deste. Uma espécie de interruptor. E era mágico. 

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