mad world
Nem sei muito bem como começar a escrever este post, porque sei, de antemão, que isto poderá dar pano para mangas. Mas é um tema que me anda a consumir nos últimos tempos e que me tira do sério, por mais que eu tente ser pacífica e a favor da paz.
O que é que se anda a passar com as pessoas? Será que as pessoas sempre foram mesquinhas, más, reles, e eu é que não via? Ou escolhia não ver? Ultimamente, tenho-me confrontado com situações que me deixam estupefacta e, honestamente, muito desiludida. Talvez porque cresci a acreditar que as pessoas são genuinamente boas, que existe sempre um contexto no qual podemos enquadrar um comportamento, uma atitude e que se isso não justifica tudo, pelo menos ajuda-nos a compreender um pouco mais.
Primeiro, no trabalho. Eu já sei que as pessoas tendem a revelar o seu lado menos bom e mais aguçado em ambientes de grande pressão, onde o stress está ao rubro e nos faz funcionar em modo de luta ou ataque. Mas isso não me permite compreender o porquê de as pessoas tomarem a decisão, deliberadamente, de prejudicarem outros colegas, só porque sim. Porque entre estarem sossegados a fazer o seu trabalho ou a regarem os outros a gasolina e atirarem-lhe um fósforo para cima, preferem a última opção. Preferem os conflitos, sendo muitas vezes os criadores dos mesmos. Apontam o dedo a tudo e a todos, esquecendo-se de que, muitas vezes, ganhamos mais se olharmos para os dedos que temos apontados a nós próprios. Há pessoas que acordam e escolhem vestir esta pele de lobo, de vilão e isso nunca deixará de me chocar. No dia em que me tornar imune a tal coisa, é porque me perdi de mim mesma e dos meus valores.
Mas não é apenas no trabalho que encontro estes rasgos de estupidez e malvadez. Pensei muito se deveria trazer este tema para cima da mesa, porque não queria dar palco e microfone a algo que considero ser um mero sussurro, insignificante. Mas, ao mesmo tempo, acho importante marcar a minha posição, porque me sinto cansada de ser testemunha deste tipo de comportamentos. Estou a referir-me a um anónimo, seja lá ele quem for, até podem ser vários, que comenta os posts deste blog recorrentemente. Comenta também outros blogs, porque já o/a encontrei noutras secções de comentários e pelo estilo da escrita, tratar-se-á certamente da mesma pessoa. Este anónimo não é ofensivo, não chama nomes, não é mal educado. Mas destila a sua mesquinhez em todos os textos que escrevo. Por norma, questiona-me sempre qual é a utilidade dos meus textos e qual é o interesse que os outros têm em ler as coisas que eu escrevo. Chega ao ponto de questionar comentários que me são deixados, porque se acha senhor/a da razão.
E agora, questiono eu: qual é o seu objetivo? Se não gosta deste tipo de partilha, se não se identifica, se não lhe interessa, para quê dar-se ao trabalho de incomodar alguém? Aproveite a sua liberdade de expressão para partilhar as coisas que lhe interessam, que o apaixonam, que o fazem sentir bem. Usufrua da sua capacidade de escrita e escreva os seus próprios textos, deixando os outros sossegados a fazer o mesmo. Não consigo conceber como é que alguém tão insatisfeito com aquilo que escrevo, pode ser uma presença tão constante e assídua neste espaço. Não me faz sentido. Do mesmo modo, que não consigo desvendar o que leva uma pessoa a sentir-se no direito de fazer este tipo de comentários. Se eu sei que não vou acrescentar nada, que apenas vou destabilizar e chatear, eu remeto-me ao silêncio. No limite, se me sentir muito tentada a comentar um tema polémico, a marcar a minha posição, tento fazê-lo com maior respeito possível pelo outro e pela sua visão.
Não sei o que se passa com o mundo. Evoluímos tecnologicamente, vivemos mais tempo, com uma aparente maior qualidade de vida, vamos ao espaço e já hipotetizamos mudar-nos para outros planetas, mas no meio de tudo isto, parece-me que estamos a tornar-nos menos pessoas. Estamos a perder as características que nos tornam humanos e nos distinguem das outras espécies. Entristece-me que estejamos todos menos tolerantes, menos compassivos e compreensivos. Sobretudo por termos todos vivido, até há bem pouco tempo, uma adversidade mundial que, penso eu, poderia ter sido a catapulta perfeita para nos tornarmos pessoas um bocadinho melhores.
É normal não gostarmos de tudo, não gostarmos de toda a gente, cairmos na armadilha de fazer julgamentos errados, sermos injustos. Somos falíveis, imperfeitos e isso é o que nos torna fascinantes. No meio de tanta coisa incontrolável e que não depende de nós, acho que temos a ganhar se nos dedicarmos às coisas que podemos fazer, que estão ao nosso alcance. E contribuir para o bem-estar do outro, do que está ao meu lado, que partilha a mesma condição humana que eu, é algo que pode ser a nossa escolha. No limite, se não nos apetecer fazer o bem, ao menos que não pratiquemos o mal!