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the old soul girl

the old soul girl

12
Ago20

#3 Self-care Journal: Describe your perfect mourning

girl

A manhã perfeita começa com um acordar tranquilo, sem despertador, abraçada no conforto e calor dos braços do meu amor. Levanto-me, esticando o corpo, e vou até à janela para descobrir um sol luminoso, envolvido por um céu azul com apenas um rasgo aqui e ali de nuvens, semelhante às linhas deixadas pelos aviões. A temperatura está ótima, está calor e corre apenas uma ligeira e suave brisa, que sabe pela vida. Tomo um pequeno-almoço rico e nutritivo, repondo os níveis de energia para viver este dia maravilhoso que me foi dado. Como sem pressas, saboreio, delicio-me com o contraste de sabores e termino em grande, com a minha sempre fiel chávena de chá. Faça frio, faça calor, o meu chá nunca pode faltar.
Refresco-me com um banho rápido, que me dá a verdadeira sensação de despertar e visto uma roupa confortável, leve e fresca. Não preciso de me arranjar, não são necessárias mordomias. Calço as sapatilhas de desporto e sigo o meu caminho. Vou ao encontro do meu lugar favorito. Um lugar onde o mar e o monte se abraçam, onde posso percorrer trilhos envolvidos pelas árvores altas e frescas e outros acompanhados pelo mar, olhando para o horizonte infinito. Caminho com vitalidade e vigor, a cada passo que dou sinto-me viva e grata pela vida. O sol queima-me a pele, o suor começa a escorrer pelas costas abaixo, mas tudo me sabe a vida e continuo o meu percurso. Estou na natureza mais pura e simples, sinto uma tranquilidade que me faz sentir em casa. Ali estou em paz, enquanto me movimento e me perco nas flores, nas árvores, no chilrear dos passarinhos, no som das ondas. Quando termino a minha caminhada, sou invadida por uma sensação de bem-estar que ultrapassa qualquer cansaço.
Regresso a casa, agora pronta a tomar um banho demorado. A água lava-me o corpo e também a alma. Não há dor nenhuma que um banho de água quente não seja capaz de apaziguar. Seco-me, hidrato a minha pele com cuidado, penteio o meu cabelo, olho-me ao espelho e sorrio. O meu rosto está vermelho do vapor da água quente, os meus olhos brilham com a felicidade que sinto dentro de mim e o meu sorriso faz-me sentir plena.
É então que me sento, por vezes no chão, por vezes na minha cama, e me entrego à meditação. Respiro devagar e profundamente, entrego-me a cada inspiração e expiração como se nada mais importasse naquele momento porque, na verdade, nada realmente importa. Regresso a mim, regresso a casa. Sinto-me em paz e grata. Sinto-me numa relação de amor comigo mesma. Agradeço-me e agradeço à vida. Quando olho para o relógio, a manhã já passou e, como sempre, foi vivida em perfeita harmonia.

14
Jan20

the thought train

girl

Como já referi algumas vezes, um dos meus hábitos diários, quase "religioso", é a meditação. Por norma, gosto de meditar de manhã, por um conjunto de razões: preparar-me mentalmente para o dia que se apresenta diante mim, é quando estou mais desperta e menos cansada (não correndo o risco de adormecer), há silêncio absoluto em casa porque sou sempre a primeira a acordar e levantar-me e, talvez o mais importante, coloca-me num estado de tranquilidade e, muitas vezes, bom humor, que são o melhor cartão de visita para dar ao mundo. Uma vez por outra, num dia mais stressante ou quando me sinto muito desperta, medito à noite, numa tentativa de relaxar progressivamente até que o sono acaba sempre por apanhar e não dou pelo fim da meditação. 

Uma das aplicações que utilizo para manter este hábito é a já tão conhecida aplicação Insight Timer. Descobri-a há cerca de 3 anos e desde aí a utilização tem sido quotidiana. Há pouco tempo cometi a "loucura" de me oferecer a mim mesma a subscrição premium, aproveitando o desconto de 50% da black friday. Embora a aplicação tenha a maioria dos conteúdos disponíveis gratuitamente, outros, muito aliciantes (como cursos ou outras ferramentas simples, como poder recuar e avançar na meditação), só estão disponíveis para usuários premium. Assim que passei para esta categoria, aventurei-me nos cursos disponibilizados por inúmeros professores de meditação, psicólogos, monges, enfim toda uma comunidade. 

Estou, neste momento, a acompanhar um curso dado por um psicoterapeuta, em que em cada sessão este recorre a uma metáfora para explorar o modo como nos relacionamos com os outros, com o mundo e, de certo modo, connosco mesmos. Cada meditação é uma maravilha para a alma, seja pela riqueza do conteúdo, seja pela beleza das metáforas utilizadas que, para mim, fazem a diferença na compreensão de muitos temas que, doutra forma, poderiam apenas ser confusos e de difícil apreensão. 

No domingo, fiz uma sessão cujo nome é "thought train", traduzindo, "o comboio do pensamento". Foi, talvez, um dos exercícios mais poderosos que já fiz a nível introspetivo. Basicamente, consiste em compreendermos a nossa mente como uma estação de comboios em que, a cada momento, estão a entrar novos comboios no cais, outros a partir em viagem, num ritmo frenético. Cada comboio representa um pensamento ou uma emoção ou uma sensação física. A nossa mente, no fundo, é este enorme conjunto de pensamentos a toda a velocidade, envolvidos em emoções. Neste exercício, somos convidados a sentar-nos na estação, a observar os comboios que chegam e que partem, isto é, quais os pensamentos em que entramos constantemente (como se fossem comboios dos quais somos passageiros), sem nos darmos conta. Assim que tomamos consciência destes comboios, podemos escolher se nos mantemos a bordo ou se voltamos ao terminal, à estação. Parece um exercício um tanto ou quanto disparatado, foi o que pensei quando comecei a minha visualização. Mas, muito rapidamente, consegui identificar os comboios em que embarco quase sempre, como se tivesse um bilhete vitalício. 

O primeiro que identifiquei foi o comboio "e se...?". As viagens alucinantes que eu faço a bordo deste comboio, os cenários e paisagens incríveis pelos quais passo ...! Se há coisa na qual a minha mente é mestre, é na arte de fantasiar e criar situações surreais. Escusado será dizer que a maioria destas são negativas e se fazem acompanhar por sentimentos de medo e preocupação, deixando a minha barriga num aperto ou às voltas.

O segundo foi o comboio "necessidade de controlo". Cada vez me tenho apercebido mais da minha necessidade, da urgência em saber como e quando é que as coisas vão acontecer. Da urgência em estar preparada, em saber como reagir, em não ser surpreendida. Penso que não é necessário afirmar que este comboio duplicou as suas rotas e viagens depois do que aconteceu cá em casa. As saudades que eu tenho de embarcar no comboio "surpresa" ou no comboio "deixar ir". Quando vivemos com esta necessidade de controlo, não sei, sequer, se estamos realmente a viver. A vida é precisamente o oposto, é incerteza, é descarrilamento. 

O terceiro comboio mais popular é o comboio "medo". Medo do que vai acontecer, medo de como vou reagir, medo do que os outros vão pensar e/ou dizer, medo disto, medo daquilo. Mais uma vez, apercebo-me que este comboio me leva para longe da vida, pelo menos, para longe da vida que pretendo viver e que desejo para mim. Ao longe, vejo o comboio "coragem" e o comboio "esperança" e faço sinal para que abrandem, para que eu ainda me possa juntar à viagem.

Como podem ver, um simples e até estranho exercício tem o poder de nos levar numa viagem pelas terras desconhecidas da nossa psique. Ter consciência e conhecimento de que estes comboios, sempre em movimento, são apenas a mente a funcionar como é suposto e saber que temos o poder de escolher em qual vamos entrar, em qual nos vamos manter, é libertador. Primeiro, significa que não somos o que pensamos, somos a consciência desses pensamentos. E, segundo, por sermos esse ser observador, com poder de escolha, somos nós os decisores dos pensamentos e das emoções que povoam a nossa cabeça e, em modo geral, a nossa vida. Para mim, é aqui que reside a verdadeira e talvez única forma de liberdade: dentro de nós mesmos. 

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