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the old soul girl

the old soul girl

18
Ago23

As minhas recomendações #1

girl

Hoje apetece-me fazer um post sobre recomendações, que é algo que adoro fazer às pessoas da minha vida. Gosto genuinamente de partilhar quando encontro coisas interessantes para ler, ouvir, ver. Por isso, deixo aqui algumas delas, que tive o prazer de descobrir nos últimos tempos:

 

- Debaixo da Língua, podcast de Rui Maria Pêgo, da Rádio Comercial 

Se eu pudesse escolher uma pessoa "conhecida" (não gosto deste termo, mas também não gosto do termo "famoso") da qual gostaria de ser amiga, o Rui Maria Pêgo seria a minha escolha. Acho-o uma pessoa super interessante e cheia de mundo; é culto, é um comunicador nato e brilhante. As conversas que tem com os seus convidados, no podcast, são tão bem desenvolvidas, as questões que coloca tocam nos "nervos" certos, a sua presença na conversa torna-a melhor, mais profunda, mas nunca se sobrepõe ao convidado. É empático, é divertido, é carismático e faz as perguntas certas, da forma certa. Ainda não ouvi um episódio que não achasse interessante e no qual não tivesse aprendido algo ou ficado a pensar em algum tema de forma diferente. O episódio com o ator Nuno Queimado, por exemplo, tem estado a ecoar na minha mente há dias. O episódio com a apresentadora Maria Botelho Moniz é inspirador. O episódio com a Andreia Criner fez-me sorrir o tempo todo e, pela primeira vez, ouvi duas pessoas (a Andreia e o Rui) a descrever na perfeição o porquê de os concertos serem experiências tão mágicas e intensas. Aconselho vivamente a darem uma oportunidade a este podcast; eu tenho ouvido enquanto trabalho, enquanto passo a ferro, arrumo a cozinha, é uma excelente companhia. 

 

- Inacreditável, podcast de Inês Castelo Branco, da Rádio Comercial

Mais um podcast da Rádio Comercial que vale muito a pena. Confesso-vos que ainda nenhum episódio conseguiu superar o primeiro, que é sobre a experiência de Mónica, no tsunami de 2004, na Tailândia. Este primeiro episódio, que dá o pontapé de saída do podcast, é absolutamente avassalador e inacreditavelmente bom. Depois deste, há outros episódios interessantes e, como o nome do próprio podcast sugere, inacreditáveis. Histórias felizes, de coincidências, de situações engraçadas e que se tornaram em boas histórias para contar. A Inês é uma atriz incrível, como se sabe, mas vocalmente, a forma como narra e conta as histórias é envolvente e deliciosa. O que não é assim tão interessante, rapidamente se torna, através da sua voz, da tua entoação. 

 

- Série de Livros Cottonwood Cove, da Laura Pavlov

Sabem a sensação de alegria de ler um livro de uma escritora que não conhecem, mas que ficam imediatamente a adorar? E a sensação de histeria de descobrir que ela tem vários livros publicados, que ainda estão a aguardar por vocês? É uma das coisas maravilhosas da vida. Tinha o Into the Tide há meses no meu kobo, a aguardar ser escolhido. Protelei, li outros livros, até que decidi dar uma oportunidade a este, que é o primeiro da série Cottonwood Cove. É escusado dizer que adorei. Faço o disclaimer, desde já, que é um romance e, por isso, não criem a expectativa de que é um nobel da literatura à espera de ser reconhecido. É uma leitura leve, cativante, com direito a final feliz, que eu tanto gosto. Tem os ingredientes que eu adoro num romance: tem dual POV; as personagens são cativantes, não só as principais, mas todas as restantes; é steamy, o que significa que temos uma história de amor com intensidade; está bem desenvolvido, não é um insta-love. Depois deste, já li os dois a seguir e encontro-me a aguardar pelo 4º livro da série, que será publicado em setembro deste ano. No que toca a leituras, tenho dado preferência aos romances, porque são a minha zona de conforto, de desafio, de aconchego e felicidade. Mesmo que sejam clichés, adoro sempre ler sobre amor, sobre duas personagens que se cruzam, que se conectam, se amam e desejam. Vibro com elas, sofro com elas, fico feliz quando tem direito ao seu final feliz e acredito, genuinamente, que os romances são a minha grande fuga da realidade, porque o mundo fica suspenso quando estou perdida no mundo dos livros. Fazem-me sonhar, suspirar e deliciar. 

 

- Reputation, álbum de Taylor Swift

Não sei se alguma vez escrevi aqui sobre a Taylor Swift. Talvez porque nunca fui, nem sou, aquilo que se considera uma Swiftie. Sou, na verdade, alguém que inicialmente não gostava desta artista, não entendia o hype associado à mesma. E sou, também, a pessoa que ouviu o álbum Folklore e, depois, Evermore, e recolheu tudo aquilo que tinha lançado para o mundo anteriormente sobre esta pessoa. A Taylor Swift é um furacão musical e é raro assistir-se a um fenómeno desta dimensão, alguém que nasce na música country, consegue brilhar nesse registo e, ao mesmo tempo, desvincular-se do mesmo e abraçar outros estilos e fazendo brilharete em todos eles. Não sou, como já referi, uma Swiftie, porque não sou a fã dos anos iniciais, não gosto particularmente dos álbuns da Taylor adolescente, mas respeito-os. E sou verdadeiramente fã de trabalhos posteriores, como é o caso deste álbum, Reputation, que tenho ouvido em repeat e tenho adorado. Gosto da sonoridade, gosto das letras das músicas, da história e da mensagem que elas nos contam, gosto do facto de ser um álbum "chapada na cara, de luva branca" depois de uma época em que a Taylor esteve debaixo de fogo e a tentaram extinguir do meio. Não só não conseguiram, como libertaram a besta interior dela, no melhor dos sentidos, e nos proporcionaram esta maravilha musical. É especialmente bom ouvir este álbum assumindo esta perspetiva, imaginando-nos na pele dela ou simplesmente de alguém que passou pelas chamas e sobreviveu para contar a história. 

04
Ago23

Daisy Jones and The Six

girl

Todos temos paixões que nos acompanham desde sempre. A minha, a par dos livros, é a música. O cupido foi o meu pai, também ele um apaixonado, que me pedia para fazer compilações de músicas em CD's, dando-me listas das músicas que pretendia. Numa época onde ainda não existia Spotify nem as entradas USB nos rádios dos carros, os CD's eram a única opção para conseguirmos ouvir as nossas playlists. As viagens de carro, fossem curtas ou longas, eram sempre feitas com uma banda sonora a acompanhar-nos. Mais do que gostar de música, o meu pai é um entendido na história das bandas, dos músicos, das formações originais, dos sucessos e fracassos dos álbuns lançados. Enfim, uma verdadeira musicoenciclopédia ambulante, que me passou o "bichinho".

Fui uma adolescente que vivia com os phones colocados nos ouvidos, de manhã até à noite. Inclusive nos testes de avaliação, cheguei a pedir a professores para fazer as avaliações com música, porque me ajudava a concentrar e entrar no flow. Passei tardes de sábado a estudar na mesa da sala dos meus pais, com o agora extinto VH1 ligado, onde passavam programas das 50 melhores músicas de sempre, por exemplo. Lembro-me de descobrir tantas músicas e bandas através deste programa e de anotar no meu caderno os nomes, para depois ir pesquisar. Quando comecei a namorar, o nosso ponto de encontro era sempre na biblioteca municipal. Como chegava sempre mais cedo do que o meu namorado, ficava a ler livros sobre a história da música e biografias dos músicos que mais me fascinavam. Tirava apontamentos, fazia daqueles momentos uma verdadeira e autêntica sessão de estudo. 

Ainda hoje gosto de ler regularmente sobre o tema, ler entrevistas e reportagens de bandas e músicos, acho delicioso "perder-me" neste mundo musical. Curiosamente, nunca tive vontade de aprender música; o meu fascínio sobre recaiu sobre a história da música, das formações das bandas, como é que os elementos se conheceram, quais as suas maiores lutas e conquistas até conseguirem a sua grande oportunidade, os significados das letras das músicas, os dramas, o processo criativo, a influência do contexto social e histórico na criação da música, a música como "arma", como veículo de intervenção, muitas vezes, política e social. 

Por tudo isto, adorei ler o livro da Taylor Jenkins Reid, Daisy Jones and The Six. Não é um livro que recomende a toda a gente, não por não ser bom, porque é!, mas pela sua estrutura: todo o livro é em formato entrevista. Trata-se da história da banda fictícia Daisy Jones and The Six, a sua formação, ascensão e término. O livro consiste em dar a conhecer a história da banda, através de entrevistas aos vários elementos da mesma, que vão partilhando a sua visão dos acontecimentos. É um livro maravilhoso, que nos leva até aos anos 70, uma era musical e histórica muito rica e da qual saíram algumas das maiores bandas de todo o sempre, que ficaram eternizadas  na história, como é o caso de Queen, Fleetwood Mac, entre outras. São bandas, são músicas que ainda hoje ouvimos com a sensação de que estamos a ouvir algo inacreditavelmente bom e irrepetível. Não quero dar mais detalhes do livro, porque não quero estragar a experiência de leitura, de maravilha, de descoberta, que é ler este livro!

Depois de ler o livro e descobrir que o mesmo estava a ser adaptado para uma série da Amazon Prime, não descansei enquanto não devorei a série. É sempre difícil ver adaptações de livros a filmes e séries. Creio que é uma popular opinion que dificilmente os livros conseguem ser superados. No meu caso, já apanhei muitas desilusões nestas conversões de livros em filmes/séries, pelo que fui com medo para ver o primeiro episódio da série. Um medo que se revelou completamente infundável, porque a série está fantástica! Desde o casting, o respeito pelos acontecimentos e sequência do livro, o desenvolvimento e complexidade das personagens, a caracterização, os cenários, as músicas!!!! Não posso deixar de frisar aquele que, para mim, é o ponto mais incrível desta série: a banda! Se eu não soubesse, de antemão, que tudo isto é obra de ficção, eu acreditaria piamente que estava a ver um documentário de uma banda real. A qualidade das músicas, do álbum Aurora, que foi lançado, é espetacular. E ainda se torna mais incrível porque as personagens que dão vida e voz aos vocalistas da banda nunca tinham tido nenhuma experiência musical, como aconteceu com os outros atores da série e banda. Mesmo que não tenham interesse nenhum em ver a série, eu recomendo vivamente que ouçam o álbum (está disponível no spotify) do início ao fim e se deixem levar por uma viagem musical e temporal, que vos conduzirá aos sons, aos ritmos e à vibe tão característica dos anos 70. 

Assim, este livro é um tri-win: é um bom livro, é uma série muito bem conseguida e é um álbum espetacular. Através de uma "simples" história, foi possível criar três produtos, três obras de arte fantásticas.

Aproveito para incentivar a lerem esta autora, Taylor Jenkins Reid. Não há um único livro dela que seja mau! Todas as obras dela são incríveis, escritas de uma forma tão envolvente, que é difícil pousar o livro sem consumi-lo até à última página. O famoso The Seven Husbands of Evelyn Hugo, que está tão em voga graças ao BookTok, é famoso porque merece sê-lo: é fantástico e quero escrever sobre ele em maior detalhe no futuro. Mas não é apenas este livro da autora que é maravilhoso: é também o caso de Malibu Rising, Carrie Soto is back, Maybe in Another Life, Evidence of the Affair, Forever, Interrupted e, claro, Daisy Jones and the Six. De todas as características da escrita de Reid, a que me conquista sempre, em todos os seus livros, é o modo como constrói as personagens. Todas as personagens parecem reais, pessoas que acreditamos que existem ou existiram, cruas, complexas, falíveis, humanas. Essa proximidade e familiaridade com as personagens envolve-nos ainda mais na história, o grau de contacto é muito próximo. 

Por isso, deixo-vos aqui a minha recomendação para futuras leituras, uma série e um álbum de música. Deliciem-se :)  

I could've sworn this was the wayTell me again, why do we stayOn such a lonely, lonely, lonely road?You'd never guess, I'd never knowWe're on the same side and it's gonnaBe a lonely, lonely, lonely road

- The River, Daisy Jones and The Six 

 

24
Fev20

músicas que fazem todo o sentido #1

girl
I ain't got no home, ain't got no shoes
Ain't got no money, ain't got no class
Ain't got no skirts, ain't got no sweater
Ain't got no perfume, ain't got no bed
Ain't got no man
 
Ain't got no mother, ain't got no culture
Ain't got no friends, ain't got no schoolin'
Ain't got no love, ain't got no name
Ain't got no ticket, ain't got no token
Ain't got no god
 
Hey, what have I got?
Why am I alive , anyway?
Yeah, what have I got
Nobody can take away?
 
Got my hair, got my head
Got my brains, got my ears
Got my eyes, got my nose
Got my mouth, I got my smile
I got my tongue, got my chin
Got my neck, got my boobies
Got my heart, got my soul
Got my back, I got my sex
 
I got my arms, got my hands
Got my fingers, got my legs
Got my feet, got my toes
Got my liver, got my blood
 
I've got life, I've got my freedom
I've got life
I've got the life
And I'm going to keep it
I've got the life
 
Ain't got not/I got life - Nina Simone

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