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the old soul girl

the old soul girl

07
Set23

my little sister

girl

Eu sou a mais velha, mas ela é a que dá o exemplo e me inspira. É a pessoa mais hilariante que conheço, aquela a quem tudo lhe acontece e a forma como relata as suas peripécias ainda as torna mais caricatas. É uma contadora de histórias nata e os momentos em que o faz, são aqueles em que me sinto mais focada no aqui e no agora, são o verdadeiro mindfulness. Acho que nunca ouvi uma história sua até ao fim sem me rir às gargalhadas. Sabem aquela galhofa boa, que nos faz doer os músculos da barriga e ficar em apneia? Com a minha irmã são incontáveis esse tipo de situações e memórias. 

Ela é a minha representação de coragem. Prefere sempre uma verdade dura a uma mentira, uma desilusão a um estado de felicidade e inocência não reais. Tem medos e fragilidades, mas não deixa que estes a limitem. Pelo contrário, abraça-os, trabalha-os, investe ativa e continuamente na sua evolução e melhoria. Face a um desafio, o entusiasmo vence sempre o medo. Não teme o fracasso, conhece-o de perto e isso apenas a transformou numa pessoa melhor, mais real e autêntica.

É sensível, compassiva e tão, mas tão justa. Procura sempre defender o lado mais frágil da balança, usa a sua voz para defender causas e ideias, sendo raras as situações em que a ouvi criticar alguém. É inteligente, culta e tem a rara capacidade de explicar de forma simples o que é complexo. 

É dona de uma beleza clássica, com um sorriso que ilumina qualquer espaço em que entre. Talvez porque sorrir é-lhe tão natural como respirar. Tem um toque de fada mágica dos bosques, seja lá o que isto queira dizer. 

É a minha protegida, a minha confidente, a única pessoa neste mundo que conhece todos os meus lados, ângulos e recônditos. Não faz anos hoje, não há nenhum motivo especial para lhe dedicar estas palavras. Nem tem de existir. Ela faz parte da minha lista diária de gratidão, tem um lugar cativo na enumeração de todas as coisas e pessoas pelas quais agradeço todos os dias. E hoje, que me apeteceu começar o dia a pensar naquilo que me faz sentir bem e imensamente feliz por estar viva, as minhas palavras são sobre ela e para ela. A minha irmã mais nova, o meu coração que bate fora do peito. 

31
Ago23

till the end

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Avó, hoje é o teu dia. Sempre será. Estejas onde estiveres. Esta data é tua. Não te posso dizer que me lembro especialmente de ti neste dia, porque mentiria. Lembro-me de ti um sem número de vezes, nas mais pequenas circunstâncias da vida e do quotidiano. Quando passo fora da tua antiga casa, cenário de tantas memórias felizes. Foi o palco de uma infância bem vivida, cheia de amor, carinho, mimo, colo. Quando me vejo ao espelho e encontro na forma do meu corpo a tua, a mesma curvatura, a mesma largura. Quando fecho os olhos e te vejo diante de mim, com os braços abertos para me acolheres num abraço apertado. Quando penso na vida e quando penso na morte. Até na tua ausência continuaste a ensinar-me e foi contigo que aprendi o que é morrer, o que é sofrer pela morte de alguém que tanto se ama e o que é recuperar desse lugar escuro e sombrio, que é o luto.

Demorei a processar a tua partida, avó. Tu deverás saber, porque se existe algo mais do que isto, se existe algo além, longe daqui eu sei que continuaste a acompanhar-me com atenção e dedicação. E, por isso, és conhecedora de como somente um ano depois, no lugar mais inesperado e da forma mais surpreendente, fui capaz de chorar a tua morte. Ainda me lembro do desespero das minhas lágrimas e da aflição da minha respiração. Tudo tão cru, tão presente, como se tivesse acontecido no dia anterior. Ensinaste-me que se sobrevive à dor, que é possível conviver com uma saudade que não finda, apenas se multiplica, à medida que o tempo vai passando. Hoje consigo recordar-te como sempre desejei. Feliz, terna, forte, corajosa. Só existe paz, serenidade e amor quando me lembro de ti. 

Adoro-te, avó. Adoro tudo o que me deste, adoro tudo o que representas para mim, adoro cada pedacinho de tempo que tivemos oportunidade de viver juntas. Continuas a ser o meu porto seguro, quando fecho os olhos e regresso ao lugar onde fomos tão felizes.

Hoje celebro a tua vida, avó. E celebro a minha, porque enquanto existir, tu existes também. Vives comigo e em mim, nas minhas memórias mais puras e felizes. Vives nos meus exercícios de gratidão, onde és presença constante. Vives nos meus momentos mais difíceis, como farol, símbolo de força, de coragem e determinação. Vives na pessoa que fui, na pessoa que sou e farás sempre parte da pessoa que um dia serei. 

Até ao meu último dia, este dia é teu e eu aqui estou para o celebrar. 

17
Ago23

Ainda sobre a perda de expectativas ...

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Acho que uma das conclusões mais difíceis de digerir, para mim, é a de que não temos o poder de mudar ninguém. Eu sei, eu sei, é uma daquelas verdades absolutas e óbvias, mas, ainda assim, custa-me aceitá-la.

Custou, inicialmente, a nível profissional. Quem trabalha na área da saúde, creio que partilha esta espécie de savior complex, em que achamos que podemos fazer a diferença na vida das pessoas que recorrem aos nossos cuidados. E, de facto, podemos. Podemos fazer a diferença, mas dentro de um raio delimitado, que apenas amplia se a outra pessoa assim o desejar. Podemos dar todos os recursos, oferecer as melhores estratégias e cuidados, mas, no final, será sempre a pessoa a decidir se deseja aplicar o que temos para oferecer. Não depende de nós. E se hoje isso me parece libertador, quando comecei a trabalhar, era um peso que carregava nos meus ombros. Sentia, genuinamente, que tinha o dever, a obrigação de transformar para melhor a vida das pessoas com quem me cruzava. Conseguem imaginar o quão difícil é gerir esta expectativa? E o quão impossível? 

Quando me reconciliei com esta ideia, a nível profissional, não a apliquei de imediato às outras esferas da minha vida. Continuei, secretamente, a acreditar ser responsável pelo bem estar e felicidade das pessoas que me são próximas. De que os problemas delas, são os meus problemas. E, mais uma vez, voltei a confrontar-me com sentimentos de culpa e de fracasso. Porque, como é óbvio, ninguém é responsável pela felicidade de ninguém! E, como tal, por maior que seja a nossa vontade de mudar o mundo do outro, se este não quiser, não vamos conseguir! É uma receita para o desastre isto de acreditar que vamos conseguir fazer alguém feliz, que vamos ser os impulsionadores da mudança do outro. Não vamos. Podemos inspirar a mudança, podemos incentivar, manifestar o nosso apoio, a nossa presença, podemos ser companheiros dessa viagem, mas jamais, em momento algum, seremos os condutores dessa viatura. Não é o nosso papel. Não é a nossa vida. Podemos contribuir, mas temos de reconhecer os limites da nossa ação, até onde podemos e devemos ir. 

Para mim, isto não é pacífico. Continua a ser difícil aceitar e gerir esta ansiedade que surge em mim. Tenho de repetir a mim mesma, muitas vezes, que não sou responsável pela felicidade de ninguém, a não ser da minha. Tenho de fazer desta conclusão uma espécie de mantra, de lema, de afirmação, para conseguir encontrar alguma paz dentro de mim. E é muito difícil quando as pessoas que quero "salvar" me são tão próximas, tão queridas, tão amadas. É igualmente difícil desconstruir esta crença que fui alimentando ao longo dos anos de que o problema de um é problema de todos, de que cuidar é esta entrega exclusiva e obrigatória ao outro. Que é um dever. Isto não tem nada de altruísta, nem de bondade. Isto é sentido, por mim, como algo que devo fazer, que tenho de fazer, que é esperado de mim. Quebrar este padrão requer uma força dantesca e extinguir o sentimento de culpa é algo que ainda estou a aprender a fazer. 

Ontem dei comigo a pensar nisto, porque tentei tantas vezes arranjar soluções para um "problema" que não é meu e estas foram sempre devolvidas. Aquela pessoa quer amarrar-se ao problema, ainda não está disposta a abraçar as soluções. Se eu tento incentivar a ver o copo meio cheio, a pessoa responde-me que o vê meio vazio. Se eu digo que é tão bom ter um copo, a pessoa diz-me que não precisa do copo para nada. E eu encontro-me com esta frustração, com esta angústia e entendo que não há nada, absolutamente nada, que eu possa fazer para que aquela pessoa tente mudar a sua visão, a sua perspetiva. Fico triste, lamento, mas ontem, pela primeira vez, não me senti responsável, não me senti culpada por isso. Aceitei, simplesmente, que a minha ajuda ou tentativa de, atingiu o seu alcance e que não há nada mais que eu possa fazer, neste momento. Gostaria que a situação fosse diferente? Sem dúvida alguma que sim. Depende exclusivamente de mim? Não. E pensei que, talvez, esta pessoa não precise das minhas soluções, mas sim da minha presença, da minha validação de que existe um problema. Esta vontade de querer mudar o outro e o seu mundo, às vezes, leva-me a achar que são necessárias grandes atitudes e grandes feitos, quando, na verdade, nem sempre é isso que é necessário. 

É estranho afastar-me deste sentimento tão familiar, de culpa, de responsabilidade, mas é libertador. E, acima de tudo, é essencial para o meu bem estar e felicidade. Esses que são, sim, da minha total responsabilidade e para os quais, sim, devo e tenho de trabalhar diariamente. 

14
Ago23

the art of mourning

girl

Alerta para um post advindo de um emaranhado de fios mentais, de um novelo de ideias dispersas e enroladas umas nas outras. Esta é uma tentativa de desfazer nós e esticar linhas de pensamentos. 

Estou há horas a tentar escrever alguma coisa decente. Penso, escrevo, apago. Torno a pensar, torno a escrever, torno a apagar. Vejo o desânimo apoderar-se de mim, sinto o cansaço nas minhas pálpebras, a desmotivação a instalar-se na minha postura corporal. Ouço os meus pensamentos, presto-lhes a devida atenção. Eles dizem-me que não tenho jeito nenhum para isto. Que não consigo elaborar e trabalhar esta ideia que me surgiu. Que esta desorganização mental é real e por mais que tente arrumá-la, há sempre alguma reflexão que fica de fora e obriga a repensar toda a ordem até então criada. Que trabalhar a uma segunda-feira, numa véspera de feriado deveria ser proibido e que, por esse facto, me posso entregar a uma dose de letargia. Que me apetece muito criar coisas, investir, inventar. Que isso é difícil e não sei por onde começar. Que quero a mudança, mas será que estou disposta a pagar o preço que ela custa? Será que é um bom investimento? Que me sinto aborrecida. E isto não é apenas um pensamento que me ocorre, é também toda uma emoção e sentimento em si mesmo. Que me sinto triste. E cansada. Que existem várias fontes de cansaço na minha vida, de diferente origem, mas que se completam e fortalecem esta sensação de desfalecimento quotidiano. Que me sabe tão bem dormir e ler. Que em ambas as atividades me distancio de mim, deste estado de consciência e navego para outros mundos, outras realidades, outras pessoas e possibilidades. Que sinto fome. E que devo comprar um chocolate para aguentar até ao fim do dia, pois vai ser longo. Que não trabalhei quase nada e o dia já vai a meio, mas que também não em preocupo muito com isso. Que se lixe.

Não era sobre nada disto que queria escrever. Mas talvez não seja sobre o que quero, mas sobre o preciso de escrever. Quero escrever sobre livros, podcasts, música; mas preciso de escrever sobre as minhas dores e os meus pensamentos sobre elas.

Dou por mim a refletir sobre o conceito de luto e, inevitavelmente, sobre o de perda. Parece-me que andam de mãos dadas, a cara e a coroa da mesma moeda. Para cada perda tem de existir um luto. Mas há tantas formas de perda. A mais comum, e das mais assustadoras, é a perda de alguém que amamos. Mas existem outras que não exigem uma ausência física, o que não significa que não impliquem uma ausência. Há perdas de expectativas, de sonhos, de projetos. Há perdas de pedaços de nós, há perdas da totalidade de nós. Há perdas de rumo, de sentido, de propósito, de missão. E no meio destas perdas todas, há tanto luto por trabalhar. Sim, o luto é um trabalho. Duro, ingrato, escravo, controlador, precário. Um trabalho para o qual é difícil arranjar candidatos, por maiores e melhores que sejam as promessas de condições de trabalho. Lembram-se daquela expressão horrenda que estava inscrita nos portões dos campos de concentração nazis, O trabalho liberta? Naquele contexto e naqueles moldes, o trabalho não libertava, matava. Mas nesta minha linha de raciocínio condicional, se o luto é um trabalho e se o trabalho liberta, então o luto é um trabalho que liberta.

E é mesmo. Por mais que custe, por mais que demore, por mais que pareça não ter fim, o luto liberta-nos. E eu vejo-me neste compasso de espera, de indecisão, de avançar ou de me encolher perante este processo. De um lado, vejo as minhas perdas empilhadas, acumuladas umas atrás das outras. Perdas simples, simbólicas, essencialmente de expectativas que nem sabia que tinha criado. O próprio mecanismo de proteção de não criar expectativas advém de uma perda maior, que me convenceu que não se pode perder nada que não se possua em primeiro lugar. Claro que esta aprendizagem (não) brilhante foi feita num momento de desilusão, de estilhaços de sonhos e fantasias no chão. Mas pior do que perder um sonho, é perder todos pela perda da capacidade de sonhar. Durante muito tempo confiei que esta era uma boa estratégia, mas já não estou convicta disso. Sinto saudades de sonhar e, num plano mais amplo e abrangente, sinto saudades de mim, de um “eu” onde sonhar era um prazer.

As nossas perdas não trabalhadas, não choradas não se extinguem. Não evaporam. Apenas se sedimentam, formando várias camadas, umas em cima de outras, que vão causando erosão na nossa identidade e nas nossas relações, com os outros e com o mundo. É isto que vejo do outro lado. Existe uma expectativa e existe a realidade; quando ambas coincidem, maravilhoso, quando ambas se contrariam, é preciso chorar essa contrariedade. É preciso mastigar (não ruminar) as emoções que daí surgem e aceitar esta conclusão, encaixando-a na nossa história, na narrativa da qual somos autores. Às vezes este processo é rápido, outras vezes não. Às vezes é difícil olhar para as emoções com aceitação, é difícil estar com o desconforto que elas provocam. E não faz mal, porque isso também é, em si mesmo, um processo. Outras vezes, é difícil a aceitação. Não queríamos determinado desfecho, não queríamos escrever determinado capítulo. Não faz sentido na visão que pretendíamos construir. E, mais uma vez, está tudo bem. Porque é difícil desvincular de uma ideia, de um projeto, de uma vontade. Por mais lógico e racional que seja esse processo de desvinculação, há qualquer cola invisível que nos une àquela ideia, aquela perspetiva. Mudar de óculos, de lentes, requer um período de habituação, não é verdade?

São estes pensamentos que têm pairado na minha cabeça desde manhã. Sei que ainda não trabalhei esta ideia como gostaria, falta-me sustentação, falta-me limar as arestas. Mas o essencial está cá. A ideia central está lançada no mundo: tenho perdas para chorar. Tenho trabalho para fazer. Tenho de olhar para dentro e desembaciar as lentes, que estão ofuscadas pelo medo de sentir. Sim, medo de sentir. Durante muito tempo, fui refém deste medo. Medo de abraçar as emoções, sejam elas quais forem, com os dois braços abertos, de coração para coração. Medo de não ser capaz de as gerir, de elas me esmagarem em vez de me abraçarem. Medo de me paralisarem e me bloquearem. Nunca fizeram tanto sentido as palavras de Carl Jung: o que resiste, persiste. É preciso deixar fluir, seguir o rumo da corrente e não remar em direção oposta. Essa resistência vai criar mais entropia, vai bloquear o ritmo normal e saudável da vida.

O pontapé de saída está dado. Começar a “partir pedra” e desmontar este muro que construi entre mim e as perdas. Afinal, fazemos parte da mesma matéria, partilhamos o mesmo berço. Eu não sou as minhas perdas, mas elas fazem parte de mim. Da minha história.

E depois deste momento de escrita caótico e catártico, os pensamentos continuam presentes, mas eu apenas os observo e contemplo. Que bela atividade mental que para aqui vai.

16
Nov20

minha pequenina

girl

Já tentei escrever antes, mas não senti que os meus textos merecessem ver a luz da publicação e, assim, guardei-os na gaveta dos rascunhos, esse lugar espaçoso onde cabem todas as minhas ideias e emoções no seu estado mais bruto.
Hoje faz um mês que me despedi da minha amiga de quatro patinhas que, sem qualquer dúvida, significou mais para mim do que muita gente que por cá anda e alguma até do meu sangue. Faz um mês que tivemos de tomar a decisão de a deixar ir, de terminar com o seu sofrimento e lhe dar o descanso que ela tanto merecia. Mas, ainda que saibamos que foi a melhor decisão, isso não a tornou mais fácil. Pelo contrário, quando somos nós os autores das nossas escolhas, temos de enfrentar a realidade de que fomos nós que assim decidimos. Não foi o destino, a sorte ou o azar. Fomos nós e somente nós.
Foi um dia muito difícil, mas também era insuportável olhar para ela e ver como se arrastava, a dificuldade com que se erguia, a falta de apetite, a apatia, a perda de todas as funções e, no fim, a perda da sua personalidade enérgica. Só não se perdeu a sua mimalhice, porque era a cadela mais mimada e faminta de mimos que já conheci. Apesar de todas as dores, ainda era capaz de olhar para nós, tocar-nos com a sua patinha, como quem implora mais uma festinha pela cabeça, mais uma massagem pelo lombo.
Naquela sexta-feira, chorei até não conseguir mais. Doeu-me tudo e quando fechava os olhos, só conseguia ver aqueles dois olhinhos castanhos, ternurentos, cravados em mim. Sempre que pensava que aquela pequenina já cá não estava, que já só vivia na nossa memória, que se tinha esfumado num sopro, doía-me o coração e a alma.
Num rascunho escrito a 18/10, eu escrevia:

"Sempre que acontece alguma coisa que mexe comigo, penso "preciso de escrever sobre isto". Nem sempre o faço, mas sinto a vontade, não só para eternizar momentos, mas também para organizar o que vai dentro da minha cabeça. Nestes últimos tempos não tenho tido a maior disponibilidade do mundo para me sentar e dedicar-me a escrever, o que não significa que tenha pouca coisa em mente para organizar.
Este ano está a ser difícil para todos nós. É inegável. Estamos a viver uma situação digna de um guião de um filme de ficção científica ou terror, que jamais imaginamos ser possível. Ainda assim, e já após 7 meses de pandemia, nunca dei comigo a dizer "que ano horrível". Embora, como toda a gente, me sinta assustada, frustrada e cansada desta situação, nunca dei este ano como um ano perdido, que riscaria do meu calendário. Não só porque esta situação completamente atípica e nova me tem ensinado muito acerca da nossa forma de viver e estar, mas também porque este ano trouxe-me coisas positivas. No entanto, na semana passada vivi um acontecimento que me fará para sempre olhar para 2020 como um ano triste. 
Porque desde a semana passada, 2020 será sempre relembrado, entre outras memórias, como o ano em que me despedi da minha cadelinha, um dos seres mais puros que já conheci. Há pessoas que não compreendem os animais como algo mais que meros seres vivos, mas para mim, os animais valem tanto ou mais que algumas pessoas. Como a minha cadela, por exemplo, de quem gosto imensamente mais do que muitos seres humanos, alguns até da minha família. A minha cadela era da família, era do núcleo duro e forte, onde só entra quem é realmente especial e importante. 
Estava doente, muito e gravemente doente. Sei que a melhor decisão a tomar foi deixá-la partir e reencontrar o sossego e a paz que já não tinha há muito tempo. Eu sei disso tudo, acreditem. Mas por maior que seja a racionalidade e a lógica desse argumento, nada disso me consolou naquele dia em que me despedi dela para a deixar partir e nunca mais a tornar a ver. Foi um dos dias mais tristes da minha vida e uma das maiores perdas que já vivi. Gostava de conseguir escrever algo mais profundo, até mais bonito, acerca dela que, sem dúvida alguma, o merece, mas neste momento não me sinto capaz de o fazer. Porque quando me lembro que ela já não existe, que nunca mais a voltarei a ver, dói-me tudo. Toda e qualquer parte do meu corpo se contrai com a dor, quase sinto o meu coração a quebrar-se em mil estilhaços. Por isso, por mais que a escrita seja terapêutica para mim, ainda não consigo escrever tudo o que vai dentro de mim sobre este assunto. Porque tudo me faz confusão, a aceitação e a negação misturam-se, tenho flashes a todo o momento da última vez que a vi, a ferida ainda está aberta e cheia de sangue a jorrar por todo o lado."

Hoje, passado um mês, posso afirmar que aquele momento de despedida me trouxe uma paz e conforto que, no meio da tempestade, não consegui sentir, mas que, com o passar dos dias, encontrei. A oportunidade de nos despedirmos, de dizermos adeus, de olharmos, sentirmos, absorvermos uma pessoa, um animal, um lugar pela última vez é uma dádiva. Eu tive a oportunidade de me despedir da minha amiguinha, de a mimar até ser o momento final, de lhe dizer o quanto a amava e o quanto ela era incrível, espetacular e a melhor cadela que o mundo já teve oportunidade de conhecer. Hoje, quando penso nela, não sou invadida pelas imagens da despedida, mas antes por todos os momentos bons e maravilhosos que ela me proporcionou. Lembro-me da sua energia inesgotável, da forma como parecia que via Deus sempre que me via pegar na trela, porque sabia que ia passear, o modo como me perseguia pela casa, pois sabia que eu sou fácil e nunca era capaz de lhe negar miminhos. Lembro-me de como os almoços de domingo eram uma alegria para ela, com tanta gente à volta da mesa, sempre a dar-lhe comida. Até cheguei a descascar-lhe camarões! Lembro-me de como se empoleirava para comer os restos de gelado que já não conseguíamos comer e como os seus bigodes ficavam brancos, era um prazer indescritível. Lembro-me das suas orelhinhas levantadas quando nos ouvia chegar a casa e como corria ao nosso encontro. Ainda a procuro em todos os cantos da casa e do jardim, convencendo-me cada vez mais que a casa sempre foi mais dela do que nossa. Sinto saudades dela, nas mais pequenas coisas, mas o coração já não me dói com o desespero de a termos perdido. Ela faz parte de mim, sempre fará, e enquanto eu estiver viva, ela vive comigo e dentro de mim. 

31
Ago20

o teu dia

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Avó, hoje farias anos. Onde quer que estejas e passe o tempo que passar, hoje é e sempre será o teu dia.

Tenho saudades tuas. Já aceitei a tua perda, já a chorei e já a encaixei no meu coração. No entanto, nunca deixarei de ter saudades tuas. Far-me-ás sempre falta e o tempo vai passando e vou pensando em ti, em tudo aquilo que já vivemos desde que partiste, tudo aquilo que já se passou. É uma das coisas que mais me faz confusão na perda. Continuamos a viver, o mundo continua a girar, o tempo não para, mas tu já cá não estás. É estranho tudo prosseguir e avançar e tu não fazeres parte.
Hoje é o teu aniversário e gosto de te recordar por tudo o que foste em vida. E que grande vida, avó! Podia passar horas a ouvir-te falar dos teus tempos de miúda, de como era a vida nesses dias, dos momentos de adversidade e prova que atravessaste. Contavas-me essas histórias e eu, ouvindo-te, sentia que as tinha vivido. Imaginava como teriam sido os teus pais, que nunca conheci; que menina e jovem foste; como te apaixonaste; como deste à luz um mão de filhos; como sempre foste uma mulher de garra e coragem. Penso não existir nada que não fosses capaz de alcançar, avó. Pelo menos, sempre foi assim que olhei para ti. Como uma força inquebrável, uma lutadora que não se verga nem desiste face a nenhuma batalha até a guerra se dar por terminada.
Eras sempre mais dos outros do que de ti mesma. É uma característica que corre na nossa família, metade de nós nascemos para ser cuidadores e direcionar as nossas forças e empenhos para os outros. Tu eras assim. Passarias fome se isso assegurasse que os teus teriam comida na mesa. Abdicarias de todo e qualquer conforto por nós todos. E assim o fizeste, muitas vezes, repetidamente.
Sabes, avó, sinto uma pena imensa de te ter perdido tão cedo. Não deveria ter sido assim. Há conquistas, momentos bons e maus, em que eu precisava de ti, aqui, ao meu lado. Em que, acima de tudo, lamento tanto que não estejas cá para ver, sentir, experienciar. É como se faltasse sempre algo e falta. Faltas tu.
Hoje farias anos, avó. Eu telefonar-te-ia e até iria ao teu encontro para te dar um beijo e um abraço apertado. Lembraste daqueles abraços em que me apertavas com força e sentias como o meu corpo se transformava? Nos teus braços eu passei de menina a mulher e tu fazias questão de me dizer. Eu ria-me e dizia-te que tinha mais de ti do que poderias imaginar. Ficaríamos assim, num abraço, contigo a agradecer todo o amor e eu sem jeito e sem forma de te explicar que tu mereces o mundo. Porque mereces, avó. Sempre o mereceste. Deste-me sempre tudo. Se fui uma criança feliz, a ti também te devo. Se hoje sou quem sou, tu também és responsável.
Avó, avó ... quando partiste, as minhas palavras foram contigo. Não me lembro do que te escrevi, mas sei que o fiz com urgência, sei que precisava que levasses contigo tudo aquilo que não tive tempo de te dizer. Avó, conforta-me saber que quando partiste, não estavas só. Estavas rodeada de amor. Nesse dia, ainda antes de saber que tinhas partido, falei de ti. Quando me preparava para entrar em casa, soube, antes de saber, que já não estavas cá. Não encontro lógica para explicar esta sensação, nem me faz falta. Chama-lhe intuição, ligação, o que preferires. Eu soube, antes de saber, que já não estavas connosco. E, mesmo preparada para esse desfecho, doeu como se não existisse preparação alguma no mundo capaz de nos fortalecer para um momento assim.
Parece que foi ontem, parece que foi há muito tempo. As saudades, essas malditas, conserva-as o tempo. E comigo vive a promessa de que enquanto viveres dentro de mim, e sempre viverás, és eterna. Por isso, parabéns avó. 

24
Ago20

#11 Self-care Journal: Journal what you love most about your closest friend or family member.

girl

Para responder a este desafio, a primeira pessoa que me veio à mente foi a minha irmã. Escolher uma entre milhares de características da minha irmã que eu adoro é ingrato, mas não é difícil. O riso dela e o sentido de humor que partilhamos. A minha irmã é, muitas vezes, a única pessoa que se ri das mesmas coisas que eu. É a única que vai às lágrimas, de tanto rir, comigo, porque achamos piada às mesmíssimas coisas. Eu adoro esses momentos em que achamos que encontramos uma coisa hilariante, em que nos rimos como umas perdidas, e quando partilhamos com alguém, a reação não acompanha a nossa. É como se este sentido piadético fosse uma coisa só nossa, uma linguagem que somente nós partilhamos e eu adoro isso nela. 

19
Ago20

Apesar de tudo ...

girl

Ontem, quando já tinha desligado a luz e me preparava para adormecer, recebi uma mensagem do meu pai a desejar-me boa noite. Todas as noites, desde que saiu oficialmente de casa, me envia uma mensagem de boas noites, com direito a coração. E todas as noites eu olho para aquela mensagem e penso "apesar de tudo ...". 

Apesar de não sermos mais a família que eu tanto adorava e que desejaria que para sempre fossemos, continuo a ter o amor incondicional e presente dos meus pais. Cada um deles, à sua maneira, continua a ser uma fonte de amor, segurança e conforto. Perdi uma família, mas não perdi os meus pais. Eles, sobretudo a minha mãe, perderam muito mais do que eu. Eu perdi uma estrutura e uma configuração, mas permaneceram os laços, o amor continua ali, disponível para mim. 

Apesar de não vivermos juntos, continuo a ver o meu pai todos os dias. Ele faz questão de me ligar de manhã a desejar um bom dia e todas as noites me embala com uma mensagem. Talvez até o sinta mais presente agora do que quando morávamos debaixo do mesmo tecto e praticávamos horários e rotinas tão diferentes que, muitas vezes, só o ouvia chegar e isso era tudo que sabia dele. 

Apesar de tudo o que nos aconteceu, sobrevivemos e estamos a começar a aprender a viver. Percebemos que nos momentos difíceis, as pessoas fogem-nos. Se há coisa que esta experiência me ensinou foi que as pessoas têm muita dificuldade em lidar com as dores alheias. Talvez por não saberem o que dizer e como agir, optam por se afastar, acreditando que as coisas, com o seu tempo, encontrarão o seu rumo. É verdade, o tempo ajuda a sarar algumas feridas, mas há muito trabalho que temos de ser nós mesmos a fazer. Por vezes, fraquejámos e precisamos que alguém nos incentive a regressar ao caminho. Ainda não entenderam que, muitas vezes, não queremos respostas para as questões que levantamos. Apenas queremos que nos ouçam e entendam a inquietação que se esconde nas entrelinhas das nossas perguntas retóricas. É nestes momentos que conhecemos as pessoas com quem podemos contar. Percebi que estávamos muito sozinhos, mas que, na verdade, não são precisos muitos, desde que os poucos sejam bons. 

Apesar de tudo, e de esta situação nunca ser desejada, podemos ser felizes. Apesar de tudo que nos foi roubado, há tanto que ainda temos. 

13
Ago20

#4 Self-care Journal: Imagine you're on a relaxing walk on a perfect warm day and describe every detail.

girl

Era o aniversário da minha mãe e o universo decidiu oferecer-lhe como prenda um dia solarengo maravilhoso. Soube que seria um dia bom assim que os raios de sol me despertaram, entrando pelas frinchas teimosas das velhas persianas. Estava decidido: aquele sol não seria desperdiçado. 

Chegamos à praia mais rápido do que a velocidade da luz. Mas não iríamos fazer praia. Não, os nossos planos eram outros. Percorreríamos um dos trilhos mais bonitos que alguma vez conheci, onde o oceano e a terra se abraçam e nunca mais se largam. Naquele dia, éramos um trio de exploradores: eu, a minha mãe e o mar. 

Iniciamos o nosso percurso e foram as flores que captaram a minha atenção. Numa subida particularmente exigente, a minha atenção era toda dirigida às flores que nos cercavam. Amarelas, laranjas, violetas. Acabadinhas de acordar, não fosse primavera! Para onde quer que os meus olhos se dirigissem, apenas via rasgos de cor. A minha mãe olhava para o mesmo cenário e sentia o mesmo encanto. Quando nos apercebemos, já estávamos no topo da colina e o caminho até lá chegar fora passado a admirar o arco-irís em terra. 

Seguimos a direito, numa zona alta, onde se situam diversos moinhos e, mais adiante, um farol. Ao nosso lado, sempre o mar, tranquilo e apaziguante. Os cristais brilhantes provocados pelo reflexo do sol na água será sempre uma das coisas maravilhosas da vida. Continuamos a caminhar, entre conversas de mãe e filha, conversas que aproximam e aquecem, quando chegamos a um desfiladeiro. Descendo, a sentir o sol queimar a pele e a brisa marítima a empurrar o corpo, fomos ter a uma praia. 

A minha mãe, apaixonada pelo areal, quis continuar a caminhada com os pés bem assentes na areia. Fiz-lhe a vontade (afinal, o dia era seu!) e caminhamos, sem destino, pela praia, à descoberta. Não sei quanto a vocês, mas sempre que piso a areia e ouço o mar, sinto uma paz que me domina. É um local sagrado. Os meus olhos percorrem atentamente o areal em busca de conchas e búzios, completamente maravilhados com a arte da natureza. 

De repente, abre-se um caminho diante de nós. Parece-nos convidativo e optamos por abandonar a praia e seguir aquele trilho. O som das ondas torna-se cada vez mais distante à medida que entramos na floresta. As árvores, altas e esguias, protegem-nos do calor do sol. A sua elegância e porte fascina-me. Afinal, as árvores morrem de pé. Não haverá, creio, nada mais digno. A sombra por elas provocada permite-nos refrescar. Naquele paraíso verde, ouvimos os pássaros em melodias entre-cruzadas. Respiro fundo e o ar parece mais puro e fresco. Torno a sentir-me em paz. Uma tranquilidade que só a natureza é capaz de proporcionar. Um conforto que cheira e sabe a casa. Um lugar de pertença. 

No meio da floresta, ouve-se um riacho a correr. Parece uma cena mística e mágica, retirada de um livro de contos. Olho para a minha mãe e sorrio. Ela está tão maravilhada quanto eu. Está feliz. Estamos em sintonia. Sei e sinto que aquela caminhada foi o melhor presente que lhe poderia ter oferecido. Um pedaço de natureza e paz podem saber pela vida quando tudo nos parece poluído e tóxico. 

O sol torna a romper, entre as copas das árvores, e começo a avistar o fim do nosso trilho. Não sou a mesma que era no seu começo. Algures entre o mar e a terra, entre as flores e as árvores, deixei angústias, dores e anseios. Sinto-me viva, renascida, plena. E, ao ver o sorriso da minha mãe, sinto-me feliz e grata. 

10
Ago20

#1 Self-care Journal: What is your favorite book of all time and why?

girl

Quando quero escrever, mas não sei exatamente acerca de que assunto, gosto de me inspirar em desafios. No ano passado, dediquei-me ao dos 30 dias de escrita e se no início pensei que seria uma excelente forma de explorar a escrita criativa e dar asas à imaginação, rapidamente percebi que cada uma daquelas 30 ideias de escrita servia o propósito de me por a reflectir e resignificar momentos e memórias. 

Pelo bem que me fez e pela quantidade de gavetas mentais que ordenei, achei que estava no momento de me entregar a algo do género. Desta vez, são 100 questões que visam o autocuidado e, claro, o autoconhecimento. 

A primeira questão é:

What is your favorite book of all time and why?

Eu considero sempre perto do impossível a ideia de escolher um livro favorito, assim como não sou capaz de escolher o melhor filme que já vi ou uma música favorita. A verdade é que não tenho apenas um, mas vários livros (e filmes, músicas, bandas, etc.) que ocupam um lugar especial no meu coração e, como tal, é ingrato selecionar apenas um. Até porque eu leio diferentes estilos literários e dentro de uma categoria poderá haver um que se destaque mais, mas no todo dos livros da minha vida, poderá ficar esquecido.
Por isso, vou optar por responder a esta questão guiando-me pelo livro que me surgiu de imediato na memória. Não será, seguramente, o melhor livro que já li, nem aquele que mais me impactou, mas é, sem dúvida, um dos livros que marca a minha vida. Falo-vos de A Lua de Joana de Maria Teresa Gonzalez.
Perdi a conta ao número de vezes que o li, mas posso assegurar que a cada leitura, me toca mais e mais. Este é um livro clássico, que li no inicio da minha adolescência e que me fez questionar.

Começou por me fazer questionar acerca do final, não por se tratar de um fim aberto, mas por não nos ser dado de forma direta. Na primeira vez que o li, passei os dias seguintes a tentar digeri-lo, questionando todos os meus colegas de escola se tinham compreendido o mesmo final que eu havia entendido. Queria certificar-me de que aquele desfecho trágico era real, porque não conseguia acreditar que algo tão triste pudesse acontecer a uma pessoa tão jovem, tão semelhante a mim e aos meus pares. Levou-me a questionar sobre a facilidade com que nos perdemos do nosso rumo e sobre a forma como podemos estar rodeados de gente e, ainda assim, nos sentirmos completamente sozinhos e abandonados. Fez-me pensar na invisibilidade e no modo como passamos tantas vezes despercebidos aos outros. Às vezes forçamo-nos a usar uma máscara que esconde toda a nossa dor, outras vezes nem precisamos de o fazer, porque o mundo anda tão rápido e as pessoas estão tão mergulhadas nas suas vidas e problemas, que não reparam nas dores que os outros carregam.
Mas o que mais me marcou e que ainda hoje trago comigo é aquele final, aquele pai, perdido na perda, de relógio na mão, entregue à triste e dura descoberta de que agora tinha todo o tempo do mundo, mas para quê? O melhor presente que podemos dar às pessoas que amamos é o nosso tempo, pois este tempo é, de igual modo, o nosso bem mais precioso. Escolhemos dar o nosso tempo sempre que escutamos, em vez de ouvir; sempre que vemos, em vez de olhar. Uma conversa real, em que ambas as partes se ouvem atentamente, se sentem compreendidas e abraçadas, vale mais do que qualquer bem material, por maior que seja o seu valor. Quando só restava a lua de Joana, o seu pai compreendeu que aquela tatuagem, com o relógio parado, traduzia um poderoso e gritante pedido, assente numa grande e cruel solidão.
Talvez por me ter marcado tanto e ainda estar tão presente em mim, mesmo depois de tantos anos, este livro será sempre um dos livros da minha existência. É de uma escrita tão simples e deliciosa, que nos envolve e prende. É de uma riqueza tão grande e alerta - tanto adolescentes como pais - para a forma débil e confusa como comunicamos. Tudo é comunicação, tudo é uma forma, um veículo de transmitir um pedido, uma mensagem. É preciso estarmos atentos uns aos outros, pois esta atenção é, também ela, uma forma de expressarmos todo o nosso amor.

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