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the old soul girl

the old soul girl

14
Ago23

the art of mourning

girl

Alerta para um post advindo de um emaranhado de fios mentais, de um novelo de ideias dispersas e enroladas umas nas outras. Esta é uma tentativa de desfazer nós e esticar linhas de pensamentos. 

Estou há horas a tentar escrever alguma coisa decente. Penso, escrevo, apago. Torno a pensar, torno a escrever, torno a apagar. Vejo o desânimo apoderar-se de mim, sinto o cansaço nas minhas pálpebras, a desmotivação a instalar-se na minha postura corporal. Ouço os meus pensamentos, presto-lhes a devida atenção. Eles dizem-me que não tenho jeito nenhum para isto. Que não consigo elaborar e trabalhar esta ideia que me surgiu. Que esta desorganização mental é real e por mais que tente arrumá-la, há sempre alguma reflexão que fica de fora e obriga a repensar toda a ordem até então criada. Que trabalhar a uma segunda-feira, numa véspera de feriado deveria ser proibido e que, por esse facto, me posso entregar a uma dose de letargia. Que me apetece muito criar coisas, investir, inventar. Que isso é difícil e não sei por onde começar. Que quero a mudança, mas será que estou disposta a pagar o preço que ela custa? Será que é um bom investimento? Que me sinto aborrecida. E isto não é apenas um pensamento que me ocorre, é também toda uma emoção e sentimento em si mesmo. Que me sinto triste. E cansada. Que existem várias fontes de cansaço na minha vida, de diferente origem, mas que se completam e fortalecem esta sensação de desfalecimento quotidiano. Que me sabe tão bem dormir e ler. Que em ambas as atividades me distancio de mim, deste estado de consciência e navego para outros mundos, outras realidades, outras pessoas e possibilidades. Que sinto fome. E que devo comprar um chocolate para aguentar até ao fim do dia, pois vai ser longo. Que não trabalhei quase nada e o dia já vai a meio, mas que também não em preocupo muito com isso. Que se lixe.

Não era sobre nada disto que queria escrever. Mas talvez não seja sobre o que quero, mas sobre o preciso de escrever. Quero escrever sobre livros, podcasts, música; mas preciso de escrever sobre as minhas dores e os meus pensamentos sobre elas.

Dou por mim a refletir sobre o conceito de luto e, inevitavelmente, sobre o de perda. Parece-me que andam de mãos dadas, a cara e a coroa da mesma moeda. Para cada perda tem de existir um luto. Mas há tantas formas de perda. A mais comum, e das mais assustadoras, é a perda de alguém que amamos. Mas existem outras que não exigem uma ausência física, o que não significa que não impliquem uma ausência. Há perdas de expectativas, de sonhos, de projetos. Há perdas de pedaços de nós, há perdas da totalidade de nós. Há perdas de rumo, de sentido, de propósito, de missão. E no meio destas perdas todas, há tanto luto por trabalhar. Sim, o luto é um trabalho. Duro, ingrato, escravo, controlador, precário. Um trabalho para o qual é difícil arranjar candidatos, por maiores e melhores que sejam as promessas de condições de trabalho. Lembram-se daquela expressão horrenda que estava inscrita nos portões dos campos de concentração nazis, O trabalho liberta? Naquele contexto e naqueles moldes, o trabalho não libertava, matava. Mas nesta minha linha de raciocínio condicional, se o luto é um trabalho e se o trabalho liberta, então o luto é um trabalho que liberta.

E é mesmo. Por mais que custe, por mais que demore, por mais que pareça não ter fim, o luto liberta-nos. E eu vejo-me neste compasso de espera, de indecisão, de avançar ou de me encolher perante este processo. De um lado, vejo as minhas perdas empilhadas, acumuladas umas atrás das outras. Perdas simples, simbólicas, essencialmente de expectativas que nem sabia que tinha criado. O próprio mecanismo de proteção de não criar expectativas advém de uma perda maior, que me convenceu que não se pode perder nada que não se possua em primeiro lugar. Claro que esta aprendizagem (não) brilhante foi feita num momento de desilusão, de estilhaços de sonhos e fantasias no chão. Mas pior do que perder um sonho, é perder todos pela perda da capacidade de sonhar. Durante muito tempo confiei que esta era uma boa estratégia, mas já não estou convicta disso. Sinto saudades de sonhar e, num plano mais amplo e abrangente, sinto saudades de mim, de um “eu” onde sonhar era um prazer.

As nossas perdas não trabalhadas, não choradas não se extinguem. Não evaporam. Apenas se sedimentam, formando várias camadas, umas em cima de outras, que vão causando erosão na nossa identidade e nas nossas relações, com os outros e com o mundo. É isto que vejo do outro lado. Existe uma expectativa e existe a realidade; quando ambas coincidem, maravilhoso, quando ambas se contrariam, é preciso chorar essa contrariedade. É preciso mastigar (não ruminar) as emoções que daí surgem e aceitar esta conclusão, encaixando-a na nossa história, na narrativa da qual somos autores. Às vezes este processo é rápido, outras vezes não. Às vezes é difícil olhar para as emoções com aceitação, é difícil estar com o desconforto que elas provocam. E não faz mal, porque isso também é, em si mesmo, um processo. Outras vezes, é difícil a aceitação. Não queríamos determinado desfecho, não queríamos escrever determinado capítulo. Não faz sentido na visão que pretendíamos construir. E, mais uma vez, está tudo bem. Porque é difícil desvincular de uma ideia, de um projeto, de uma vontade. Por mais lógico e racional que seja esse processo de desvinculação, há qualquer cola invisível que nos une àquela ideia, aquela perspetiva. Mudar de óculos, de lentes, requer um período de habituação, não é verdade?

São estes pensamentos que têm pairado na minha cabeça desde manhã. Sei que ainda não trabalhei esta ideia como gostaria, falta-me sustentação, falta-me limar as arestas. Mas o essencial está cá. A ideia central está lançada no mundo: tenho perdas para chorar. Tenho trabalho para fazer. Tenho de olhar para dentro e desembaciar as lentes, que estão ofuscadas pelo medo de sentir. Sim, medo de sentir. Durante muito tempo, fui refém deste medo. Medo de abraçar as emoções, sejam elas quais forem, com os dois braços abertos, de coração para coração. Medo de não ser capaz de as gerir, de elas me esmagarem em vez de me abraçarem. Medo de me paralisarem e me bloquearem. Nunca fizeram tanto sentido as palavras de Carl Jung: o que resiste, persiste. É preciso deixar fluir, seguir o rumo da corrente e não remar em direção oposta. Essa resistência vai criar mais entropia, vai bloquear o ritmo normal e saudável da vida.

O pontapé de saída está dado. Começar a “partir pedra” e desmontar este muro que construi entre mim e as perdas. Afinal, fazemos parte da mesma matéria, partilhamos o mesmo berço. Eu não sou as minhas perdas, mas elas fazem parte de mim. Da minha história.

E depois deste momento de escrita caótico e catártico, os pensamentos continuam presentes, mas eu apenas os observo e contemplo. Que bela atividade mental que para aqui vai.

28
Jul23

Knock, Knock ...

girl

A melhor leitora dos meus textos sou eu mesma. É a conclusão a que chego depois de navegar pelos vários textos que aqui escrevi, sobre os mais variados temas, sobre as minhas angústias, os meus sonhos, as minhas opiniões. Ler-me, passados 3 anos, é delicioso. É curioso perceber como tanto mudou e como tanto se manteve inalterável.

Ao escrever este texto sinto-me como uma criança, chegada a casa após o primeiro dia de escola depois das férias grandes de verão, cheia de novidades e coisas para contar aos pais. O entusiasmo, a euforia, o atropelamento de ideias e não saber por onde começar, porque tudo parece importante, relevante e merecedor de atenção!

Por onde começar? É uma pergunta que me faço muitas vezes. Ao longo de quase três décadas de existência, já tive tantos blogs. Uns ainda guardo, de forma privada, e revisito de vez em quando, para matar as saudades da inocência daqueles tempos, em que todos os meus textos eram de amor e sobre o amor. Uma adolescente apaixonada e dona de um coração dedicado a amores intensos, os meus textos espelhavam as minhas fantasias, as minhas emoções no seu estado mais puro. 

Já pensei muitas vezes em criar um novo blog. Pensei num nome, no layout que gostaria de lhe dar, mas ... mas depois falta-me sempre qualquer coisa para avançar. A inércia toma conta de mim, a procrastinação fala mais alto e as ideias não deixam de ser isso mesmo: apenas ideias. 

Ao revisitar este espaço, encontrei-me com o seguinte pensamento: para quê criar uma casa nova, quando tenho uma, que me sabe a lar? Para quê investir num espaço branco, vazio, despido, quando tenho um espaço confortável, decorado com tudo aquilo que me caracteriza e grita "eu!"? 

Por isso, a old soul girl está de regresso. Não sei por quanto tempo, não sei com que regularidade, mas tenho uma certeza: preciso de escrever. Preciso de tornar a reencontrar-me nas palavras, preciso de tornar a reorganizar a minha confusão mental nas letras, frases e conjugações. Escrever sempre foi a minha forma de terapia e, mais do que isso, sempre foi a minha forma de expressão principal. 

É nas palavras que me encontro e que permito aos outros me conhecerem, a mim e ao meu mundo interno. É através da escrita que arrumo a minha desordem emocional, que ganho espaço e capacidade para respirar novamente. 

A vida corre, de forma veloz muitas vezes, o que nem sempre me deixa com muito tempo para me sentar e dedicar às palavras. Por esse motivo, não sei se serei a pessoa mais regular e assídua nesta tarefa, mas esse também não é o meu objetivo principal. Do mesmo modo que escrever não é, neste momento, algo que farei a pensar noutros leitores, a não ser em mim mesma. Claro que, se chegar até vós e vos entreter, vos levar a refletir, vos conquistar de alguma forma, ficarei feliz. Mas será apenas um bónus. O meu objetivo principal é apenas libertar tudo que carrego dentro de mim. É registar memórias, pensamentos, acontecimentos. Há quem goste de registar fotograficamente, eu prefiro registar em palavras. Escrever sobre o modo como me senti em determinado momento, o que vi, o que me chamou a atenção, o que me passou pela mente naquele preciso segundo. 

Posta a chave na porta, rodada a maçaneta, posso dizer: I'm home! 

23
Jan20

escrever

girl

I write because I don't know what I think until I read what I say. - Flannery O'Connor

Este não é o único, mas é, sem dúvida, o motivo mais forte pelo qual escrevo. Adoro escrever as minhas opiniões, ideias, até histórias, embora já não o faça há algum tempo e me sinta um pouco "destreinada" e "enferrujada". Mas o que mais gosto de escrever, pelo menos ultimamente, é tudo aquilo que carrego dentro de mim e não consigo expressar de outra forma. Tal como um pintor pinta uma figura abstrata que visualizou apenas e só na sua mente, eu escrevo tudo aquilo que "vejo" cá dentro, mas que não consigo fazer os outros ver e, muitas vezes, nem tenho a certeza se eu mesma vejo. Parece confuso, eu sei, mas para quem me acompanha há algum tempo, já não é novidade que onde estão os meus pensamentos, está sempre instalada uma enorme confusão, que eu vou tentando desconstruir da melhor forma que consigo.
A escrita devolve-me esta clareza, dá-me tempo e desacelera-me. Tira-me de um ritmo que me é muito característico: a pressa. Desde sempre que parece que não ando, corro, numa ânsia oculta de chegar, de não perder tempo, mas não sei bem a onde nem entendo o porquê de sentir com tanta intensidade que o tempo me foge por entre os dedos. Tudo em mim anda a mil, desde a minha passada rápida, curta e direta, à minha mente, com todos os pensamentos envolvidos numa corrida de alta velocidade, todos tentando chegar mais rápido, acabando por nenhum chegar longe. Quando escrevo, abrando. É como respirar fundo, obriga-me a pausar, a compreender qual é o meu ponto de partida e, mais importante, até onde quero chegar. A escrita é a fada do lar que arruma, religiosamente, tudo que deixo espalhado, colocando as devidas coisas no seu devido lugar.
É por isso que todos os textos deste blog são sempre tão densos e profundos. Quando criei este blog, estava determinada a escrever apenas sobre as coisas boas e maravilhosas da vida. Queria enterrar todo o conteúdo triste e pesado, focando-me apenas no lado brilhante e luminoso da vida. Só que esta pretensão rapidamente se desfez, porque escrever sobre as coisas chatas, aborrecidas e más da vida é tão (ou mais) importante como escrever sobre todas as coisas incríveis. Por isso, o que começou por ser um diário cor-de-rosa, rápido se transformou num registo muito cru e verdadeiro sobre a vida, tal e qual como ela é. Uns dias melhor, outros pior, mas sempre, sempre, sempre uma aventura incrível e pela qual nunca me cansarei de gritar "obrigada!".
Escrevo para me encontrar, às vezes para me perder, por vezes por necessidade, sempre por gosto.

16
Dez19

fix me

girl

Na semana passada conversava com duas amigas acerca de autoconfiança. Uma delas, que passou por um período complicado recentemente, contava como se sentia diferente desde que começara a trabalhar na sua confiança própria. Após um árduo trabalho de mudança, a minha amiga está muito mais confiante, aliás, não está muito mais, está simplesmente confiante, característica que antes não possuía e da qual é hoje detentora. Antes bastava olhar para ela para ver a insegurança que carregava, semelhante à bola de ferro acorrentada que os prisioneiros carregam consigo. Hoje orgulho-me dela por emanar confiança assim que entra numa sala, não sendo necessárias quaisquer palavras para se afirmar.
Dei comigo a falar de mim e de como ainda tenho esse longo árduo caminho para percorrer. De como sempre fui a minha inimiga nº 1, embora seja sempre a maior apoiante de todas as outras pessoas à face da terra. De como tenho um bichinho instalado no meu cérebro que se alimenta de auto sabotagem e de dúvidas acerca da minha pessoa.
A falta de confiança em mim mesma não é recente, pelo contrário, acompanha-me há muito tempo. Há tanto tempo que já a transformei parte de mim, como algo que me identifica e caracteriza. Começou nos tempos da escola, em que me sentia sempre diferente das pessoas em meu redor. Não me sentia inferior a ninguém, mas sentia-me incompreendida e estranha. Sentia que existia alguma coisa em mim que não me permitia simplesmente encaixar nos grupos como todas as outras pessoas. Não quer dizer que fui excluída e não tinha amigos, bem pelo contrário, tive sempre muita sorte com as amizades, porque nos grupos aos quais pertenço, o lugar ou a posição que ocupo é mesmo esta: a da pessoa diferente. A rapariga responsável que nunca faz asneiras, nunca se precipita, nunca perde o controlo. A rapariga que gosta das coisas do século passado, de ouvir histórias de vida, de passar tempo em casa, de ler. A rapariga que nunca teve uma rede social por um conjunto diverso de motivos, mas do qual faz parte o motivo de não se querer expor, de não se sinalizar. A rapariga que cora quando sente as atenções viradas para si, que se acha feia quando usa um pouco de maquilhagem porque se olha no espelho e não se reconhece, que tem medo de arriscar e parecer apenas ridícula. 

Sempre me senti diferente da maioria das pessoas e não é que isso seja negativo, aliás, hoje consigo compreender que pode até mesmo ser uma bênção tendo em conta a quantidade de gente parva com a qual me cruzo todos os dias. Mas influenciou a perceção que tenho acerca de mim mesma, de uma forma absolutamente emocional. Porque no plano lógico, olho para mim, para todas as virtudes e defeitos que me compõem e vejo uma pessoa com valor. Mas não o sinto. Sei que nada disto faz grande sentido, mas o que tento dizer é que existe um desencontro entre a forma como me penso e me sinto. Racionalmente, sei que tenho todos os motivos para ser uma pessoa confiante e segura de si mesma. A nível emocional, não me sinto essa pessoa. 

Há dias em que sinto que a minha insegurança é de tal forma visível e palpável que quando entro numa sala, entram dois seres: eu e ela. O que me deixa a pensar que se eu a vejo, todos os outros a podem ver também e tirar partido disso. Quando não estamos seguros de nós mesmos, tornamo-nos presas fáceis para os lobos desta selva que é a vida. Farejam a nossa insegurança e sabem exatamente onde residem as nossas fragilidades, nomeadamente no que diz respeito a impor limites e ser assertivo. Sabem que tememos sempre dizer a coisa errada da forma errada e a forma que adotamos para o evitar é não dizer nada. De igual modo, sabem que temos dificuldade em dizer "não", porque temos sempre uma necessidade latente de agradar e de que gostem de nós, pelo que nos colocam em situações difíceis onde nos sentimos encostados à parede. 

Emocionei-me enquanto falava com as minhas amigas, porque é difícil para mim assumir que sou a velha do Restelo de mim mesma. É até irónico tendo em consideração a forma entusiasta como motivo as outras pessoas nas suas jornadas. É como se ao dar tudo aos outros não me restasse nada para oferecer a mim mesma. Ontem dei o primeiro passo, pequeníssimo na verdade, em direção a um dos meus objetivos. Mais do que isso, a um dos meus sonhos. Inevitável e instintivamente, surgiram as presenças habituais: a dúvida, a auto sabotagem, a descrença. Só que desta vez estou tentada a usá-las para me elevar a um nível de excelência, em vez de desistir. Estou comprometida em provar a mim mesma que consigo, mais do que a qualquer pessoa no mundo. Quero fazer isto por mim e, acima de tudo, para mim. Não vai ser fácil, nem sequer rápido, mas valerá, sem dúvida nenhuma, a pena. 

 

10
Dez19

saudade

girl

Depois de alguns dias desaparecida do meu cantinho e sem possibilidade de escrever, confesso que não sei por onde começar. Já escrevi e apaguei tudo uma data de vezes e, com isso, só consegui aumentar a minha frustração. Às vezes é mesmo esta sensação que me impede de começar novos desafios: quero que tudo saia bem à primeira. 

Por isso, vou apenas escrever aquilo que sinto neste momento, sem me alongar muito: tenho saudades de escrever e de arrumar todas as ideias dispersas que tenho na minha cabeça. Estes dias de ausência têm sido passados a enumerar no meu bloco de notas mental tudo aquilo sobre o que quero escrever. Há muitas ideias que quero aprofundar, coisas que me andam a incomodar e preciso de libertar. 

Mas hoje vou apenas escrever que sinto saudades de cá vir e de me perder nas palavras. Porque quando me perco, é quando me encontro verdadeiramente. 

06
Out19

1

girl

Este ano tenho lido muito. Iniciei o ano com o objetivo de ler 12 livros, um por cada mês do ano, mas rapidamente compreendi que a fasquia estava baixa. Iamos a meio do ano e a meta dos 12 livros já tinha sido cruzada há muito. Subi para 24 e, com orgulho, posso dizer que, novamente, cruzei a meta. Mas mais do que orgulho, digo-o com felicidade. Uma felicidade que somente a leitura proporciona e que, por mais que tente, penso sempre ser difícil de explicar. Há muitas pessoas que não partilham o gosto por ler e não entendem a magia que acontece quando nos entregamos a um livro. Não julgo, logo eu, que tenho um namorado com paixões intensas pelas coisas mais estranhas. Mas quero dizer que, para quem não gosta de ler, dificilmente compreende a alegria, o aconchego e bem-estar que um bom livro provoca. Por vezes, é como um abraço; outras, é como se nos dessem uma possibilidade de por a nossa vida em stand-by e entrar noutras vidas, diferentes, curiosas, apaixonantes. 

Mas, dizia eu, que mais do que orgulho por ler tanto, sentia e sinto uma enorme alegria. Recentemente, tenho sentido ainda uma grande vontade de escrever. Escrever ficção, escrever o meu ponto de vista sobre tantos assuntos quotidianos, escrever sobre o que vai dentro de mim, simplesmente escrever. Tenho sido assaltada por uma vontade tão forte, tão intensa, quase como se se tratasse de uma necessidade, que decidi arranjar uma solução: criar, finalmente, um espaço para  o fazer. 

É assim que nasce este blog. Escreverei quando sentir vontade, sobre aquilo que fizer sentido, sem obrigações e deveres. Embora ame ler, não será o único assunto a abordar; contudo, preparo todos os possíveis futuros leitores de que existirá muito conteúdo focado em livros, desde wish lists, reviews de livros, citações marcantes, etc. Mas quero escrever sobre tudo. Quero, acima de tudo, escrever. Libertar tantas ideias e pensamentos que tenho guardados, à espera de ver a luz do dia. Estimular o meu lado criativo, dar asas à imaginação.

Quanto ao nome escolhido para o blog, posso garantir que assim que me forem conhecendo melhor, compreenderão como é possível uma pessoa tão jovem ter uma forma de viver e de olhar para o mundo tão envelhecida. Uma alma velha num corpo jovem é um desafio diário, mas é assim que sou e gosto muito de o ser. 

Enfim, primeiro post feito! Bem-vindos :)

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