Ressaca emocional
É oficial: estou de ressaca emocional. Os sintomas? Sensação de vazio, de perda, vontade de "consumir" mais e ter o pensamento completamente bloqueado e preso no objeto aditivo. Por um lado, dói; por outro, sabe muito bem.
Falo-vos da única ressaca que tive e tenho na vida: aquela que é provocada após a leitura de um bom livro. Ontem terminei de ler "Sleepness in Manhattan" da autora Sarah Morgan e posso já assegurar duas coisas: 1) fui imediatamente comprar os dois livros seguintes desta coleção; 2) não consigo parar de pensar na Paige e no Jake Romano. A sério, que história tão boa! Tão viciante!
Foi o primeiro livro que li em inglês. Estava com algum receio que a leitura se tornasse cansativa, porque embora domine bem a língua inglesa, há sempre termos e expressões que desconheço. No entanto, foi uma agradável surpresa: não só li maravilhosamente bem, como fiquei cheia de vontade de continuar a ler em inglês. Há sempre perdas nas traduções, há expressões difíceis de traduzir na íntegra que, ao lermos na sua forma original, fazem muito mais sentido e são muito mais bonitas. Esta descoberta abriu ainda novos horizontes: agora já posso comprar todos os livros que tenho na minha lista de desejos que, por ainda não terem um versão portuguesa, estavam em stand-by. Todo um novo mundo se abre!!
Mas voltando à minha ressaca. Gosto tanto de ler um bom livro, mas a despedida custa tanto. Quando começo a sentir que são as páginas finais, bem tento demorar, saborear ainda mais a leitura, mas é tão difícil conciliar a vontade de devorar o livro com a de o prolongar. Quero mais, quero saber mais desta história. E quem fala desta fala de tantas outras que tenho lido e me têm deixado autênticos buracos no peito.
Aconteceu-me exatamente o mesmo com o livro Hopeless da Colleen Hoover. A única coisa que salvou o meu desespero foi ter descoberto que havia um outro livro da autora, o Hope, que contava a mesma história, mas pela visão do outro protagonista. Ainda assim, quando terminei o segundo livro, a queda na realidade foi dolorosa. Ainda andei uns dias em negação, incapaz de conseguir pegar num novo livro de tão amarrada que estava à história.
Sei que tudo isto parece ter saído diretamente do discurso de uma doida, mas acredito que quem lê sente o mesmo. Ler é tudo isto e muito mais. Por isso é que esta ressaca emocional é tão ambivalente: custa dizer adeus a uma boa história, mas vale tão a pena. Cada livro capaz de me provocar esta avalanche de emoções, faz-me um bocadinho mais feliz. Mais sonhadora. Mais viva. Como uma autêntica adição.