Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

the old soul girl

the old soul girl

12
Fev20

mau humor

girl

Não sei quanto a vocês, mas eu, por vezes, tenho uns flashs, uns momentos repentinos e espontâneos, em que olho em meu redor e me sinto abençoada. Grata. Como se me tivesse saído a sorte grande por ser quem sou, por viver onde vivo, por ter a família que tenho, o namorado, os amigos. Não sei explicar, mas é como se as peças se encaixassem todas e formassem uma figura digna de ser admirada. Não é que as peças não estejam encaixadas a maior parte dos dias, mas nem sempre conseguimos ver o todo, às vezes somos ofuscados pelas partes e também não é menos verdade de que o todo é muito mais do que a mera soma das partes.
Hoje tive um desses momentos e, confesso, adoro quando me acontece. É uma das coisas maravilhosas da vida. Sentirmos que temos uma sorte do caraças. Comecei o dia com um humor cujas palavras não são sequer dignas de o descrever. Não sei como é que vocês são quando estão de mau humor, mas eu posso assegurar que sou do pior que há, conseguindo irritar-me a mim mesma. Quando entrei no carro do meu namorado, não éramos apenas dois no carro, éramos três: ele, eu e o meu mau humor. E quando estou nestes dias negros, penso sempre para mim que o melhor é remeter-me ao silêncio, porque sei que tudo me irrita, até o respirar. Mas mesmo calada, a minha cara de poucos amigos grita o quão insuportável estou.
Portanto, a equação perfeita para afastar as pessoas do meu radar, porque primeiro ninguém tem de me aturar e, segundo, toda a gente sabe que o humor é contagioso, sobretudo quando é mau. No entanto, o meu namorado parece estar imune, porque não só não se deixou afetar, como ainda tentou combater as minhas energias negativas demoníacas. Foi o mais atencioso e querido possível, mimando-me, não perguntando sequer o que se passava, porque sabia que não só não valeria a pena como pioraria a situação.
Quando cheguei ao trabalho, vinha a pensar na amabilidade dele. Na forma como me conhece tão bem, como sabe lidar comigo, como me consegue adorar no meu melhor e, acima de tudo, no meu pior. Algures li uma frase que dizia que é nos nossos piores dias que precisamos de ser amados e é a mais pura das verdades. É o derradeiro teste entre quem nos ama como somos e quem apenas nos suporta quando somos suportáveis. Aquela atenção, aquele carinho e, acima de tudo, a paciência aconchegaram-me. Não fiquei, subitamente, no melhor humor do mundo, mas tive um flash, um momento eureka do quão sortuda sou por ter este homem ao meu lado, na minha vida. Senti-me grata, muito grata.
Não é um dia bom, nem sequer posso dizer que é mau, porque não aconteceu nada de mal. Apenas não é o meu dia. Mas mesmo nos dias em que não sou eu, nos dias menos bons, ele está sempre comigo, ao meu lado. E, para mim, amor é isto.