Knock, Knock ...
A melhor leitora dos meus textos sou eu mesma. É a conclusão a que chego depois de navegar pelos vários textos que aqui escrevi, sobre os mais variados temas, sobre as minhas angústias, os meus sonhos, as minhas opiniões. Ler-me, passados 3 anos, é delicioso. É curioso perceber como tanto mudou e como tanto se manteve inalterável.
Ao escrever este texto sinto-me como uma criança, chegada a casa após o primeiro dia de escola depois das férias grandes de verão, cheia de novidades e coisas para contar aos pais. O entusiasmo, a euforia, o atropelamento de ideias e não saber por onde começar, porque tudo parece importante, relevante e merecedor de atenção!
Por onde começar? É uma pergunta que me faço muitas vezes. Ao longo de quase três décadas de existência, já tive tantos blogs. Uns ainda guardo, de forma privada, e revisito de vez em quando, para matar as saudades da inocência daqueles tempos, em que todos os meus textos eram de amor e sobre o amor. Uma adolescente apaixonada e dona de um coração dedicado a amores intensos, os meus textos espelhavam as minhas fantasias, as minhas emoções no seu estado mais puro.
Já pensei muitas vezes em criar um novo blog. Pensei num nome, no layout que gostaria de lhe dar, mas ... mas depois falta-me sempre qualquer coisa para avançar. A inércia toma conta de mim, a procrastinação fala mais alto e as ideias não deixam de ser isso mesmo: apenas ideias.
Ao revisitar este espaço, encontrei-me com o seguinte pensamento: para quê criar uma casa nova, quando tenho uma, que me sabe a lar? Para quê investir num espaço branco, vazio, despido, quando tenho um espaço confortável, decorado com tudo aquilo que me caracteriza e grita "eu!"?
Por isso, a old soul girl está de regresso. Não sei por quanto tempo, não sei com que regularidade, mas tenho uma certeza: preciso de escrever. Preciso de tornar a reencontrar-me nas palavras, preciso de tornar a reorganizar a minha confusão mental nas letras, frases e conjugações. Escrever sempre foi a minha forma de terapia e, mais do que isso, sempre foi a minha forma de expressão principal.
É nas palavras que me encontro e que permito aos outros me conhecerem, a mim e ao meu mundo interno. É através da escrita que arrumo a minha desordem emocional, que ganho espaço e capacidade para respirar novamente.
A vida corre, de forma veloz muitas vezes, o que nem sempre me deixa com muito tempo para me sentar e dedicar às palavras. Por esse motivo, não sei se serei a pessoa mais regular e assídua nesta tarefa, mas esse também não é o meu objetivo principal. Do mesmo modo que escrever não é, neste momento, algo que farei a pensar noutros leitores, a não ser em mim mesma. Claro que, se chegar até vós e vos entreter, vos levar a refletir, vos conquistar de alguma forma, ficarei feliz. Mas será apenas um bónus. O meu objetivo principal é apenas libertar tudo que carrego dentro de mim. É registar memórias, pensamentos, acontecimentos. Há quem goste de registar fotograficamente, eu prefiro registar em palavras. Escrever sobre o modo como me senti em determinado momento, o que vi, o que me chamou a atenção, o que me passou pela mente naquele preciso segundo.
Posta a chave na porta, rodada a maçaneta, posso dizer: I'm home!