espelho meu, espelho meu
Numa destas manhãs, o meu namorado dizia-me que eu stressava com coisas tão pequenas e que isso me fazia mal. “Se te passas com isto, como é que reages com as coisas realmente importantes?”. De repente, acendeu-se uma luz no meu cérebro. Não é que eu nunca tenha pensado nisso, pelo contrário, o que eu faço a toda à hora é pensar sobre estratégias para me tornar numa pessoa mais descontraída. Mas no meu ciclo de pensamentos ruminativos, nunca me tinha ocorrido que, de facto, eu gasto tanta energia e zango-me tanto com coisas mínimas (atrasos, mal-entendidos, etc.), o que sobra para reagir às coisas realmente graves e stressantes da vida?
Naquele dia, deixei-me ficar calada, porque odeio dar-lhe razão e dar parte fraca. Mas fiquei a matutar no que ele me tinha dito, o raio do rapaz tinha razão! E hoje confirmei o quão sábio ele é, porque estive no lugar de observadora em vez de participante numa situação potencialmente stressante para os corações mais impulsivos, e percebi que, de facto, nós damos muita importância a coisas estapafúrdias!
Estava aqui no gabinete a ver duas colegas a teimarem com uma coisa de nada, uma já completamente passada, outra a perder-se em pensamentos mesquinhos e eu pensei para mim mesma “que parvoíce!”. Às vezes só vemos a figurinha que nós mesmos fazemos quando são os outros a fazê-la diante dos nossos olhos e hoje, ao vê-las tão irritadas e frustradas com uma coisa tão simples de resolver, senti que me estava a ver ao espelho em muitas situações do meu quotidiano em que me passo completamente da cabeça por nada.
Caso para morder a língua e dizer: quando o rapaz tem razão, tem mesmo.