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the old soul girl

the old soul girl

23
Jan20

escrever

girl

I write because I don't know what I think until I read what I say. - Flannery O'Connor

Este não é o único, mas é, sem dúvida, o motivo mais forte pelo qual escrevo. Adoro escrever as minhas opiniões, ideias, até histórias, embora já não o faça há algum tempo e me sinta um pouco "destreinada" e "enferrujada". Mas o que mais gosto de escrever, pelo menos ultimamente, é tudo aquilo que carrego dentro de mim e não consigo expressar de outra forma. Tal como um pintor pinta uma figura abstrata que visualizou apenas e só na sua mente, eu escrevo tudo aquilo que "vejo" cá dentro, mas que não consigo fazer os outros ver e, muitas vezes, nem tenho a certeza se eu mesma vejo. Parece confuso, eu sei, mas para quem me acompanha há algum tempo, já não é novidade que onde estão os meus pensamentos, está sempre instalada uma enorme confusão, que eu vou tentando desconstruir da melhor forma que consigo.
A escrita devolve-me esta clareza, dá-me tempo e desacelera-me. Tira-me de um ritmo que me é muito característico: a pressa. Desde sempre que parece que não ando, corro, numa ânsia oculta de chegar, de não perder tempo, mas não sei bem a onde nem entendo o porquê de sentir com tanta intensidade que o tempo me foge por entre os dedos. Tudo em mim anda a mil, desde a minha passada rápida, curta e direta, à minha mente, com todos os pensamentos envolvidos numa corrida de alta velocidade, todos tentando chegar mais rápido, acabando por nenhum chegar longe. Quando escrevo, abrando. É como respirar fundo, obriga-me a pausar, a compreender qual é o meu ponto de partida e, mais importante, até onde quero chegar. A escrita é a fada do lar que arruma, religiosamente, tudo que deixo espalhado, colocando as devidas coisas no seu devido lugar.
É por isso que todos os textos deste blog são sempre tão densos e profundos. Quando criei este blog, estava determinada a escrever apenas sobre as coisas boas e maravilhosas da vida. Queria enterrar todo o conteúdo triste e pesado, focando-me apenas no lado brilhante e luminoso da vida. Só que esta pretensão rapidamente se desfez, porque escrever sobre as coisas chatas, aborrecidas e más da vida é tão (ou mais) importante como escrever sobre todas as coisas incríveis. Por isso, o que começou por ser um diário cor-de-rosa, rápido se transformou num registo muito cru e verdadeiro sobre a vida, tal e qual como ela é. Uns dias melhor, outros pior, mas sempre, sempre, sempre uma aventura incrível e pela qual nunca me cansarei de gritar "obrigada!".
Escrevo para me encontrar, às vezes para me perder, por vezes por necessidade, sempre por gosto.

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