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the old soul girl

the old soul girl

01
Nov19

all that jazz

girl

Sempre tive mais dificuldade em escrever quando estou feliz. Acho que isto se deve a uma velha crença minha de que quando estamos felizes, devemos aproveitar essa felicidade ao máximo, não perdendo sequer tempo a escrever sobre ela. A tristeza, por sua vez, sempre me serviu como uma ótima força motriz para a escrita. Talvez pela lógica freudiana da sublimação, a tristeza transforma-se em obra de arte e, ao sê-lo, deixa de ser um pouco menos de tristeza. Mas, como o nosso amigo Camões nos diz, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Neste caso, muda-se a forma de olhar para o mundo e a minha tem-se transformado. 

Acordei feliz e quero escrever sobre esta felicidade. Porque a felicidade pode ser igualmente matéria-prima para a escrita como é a tristeza. A felicidade é igualmente inspiradora. E é precisamente sobre inspiração e felicidade que me apetece escrever, como se uma pulsão incontrolável gritasse dentro de mim. 

Desde ontem que sinto uma felicidade esmagadora no coração. Sinto uma excitação eletrizante a percorrer o meu peito e sei que é um sentimento dos bons, como quando estamos prestes a fazer algo que desejamos muito e há muito tempo. É esse tipo de euforia e inquietação, que nos faz vibrar dos pés à cabeça. E sinto-me assim porque tive oportunidade de viver uma experiência que desejava há muito tempo: finalmente fui a um concerto de jazz! 

Superou qualquer expectativa que eu pudesse ter criado. E, acreditem, as expectativas estavam bem lá no alto, não fosse o jazz o estilo de música que me aquece a alma. Mas o que eu não podia esperar, de forma alguma, era sentir-me tão viva, tão feliz e grata por estar ali, naquele instante, sendo completamente conduzida pela música e esquecendo que existia um antes e depois daquele momento. 

Viver o momento. Foi apenas isso e foi tudo isso. Todos os meus sentidos ficaram reféns daquela fórmula mágica que só uma orquestra de jazz, uma big band, consegue aplicar e transformar em melodia. Olhar, ouvir, sentir, saborear e respirar música. Cada poro, cada microrganismo do meu corpo estava conectado naquele momento, concentrado naquele ritmo e seguimento, como se fosse também um elemento da banda a ser conduzido pelo maestro. 

Ontem descobri que é possível passarmos uma hora e meia a sorrir de orelha a orelha e não ficarmos com paralisia da face. Que é possível viver uma experiência que nos absorve por completo, que nos afunda e traz à tona no mesmo instante. 

Estou a sonhar acordada. Com a magia do que vivi, do que senti. E enquanto ali estava, petrificada a sentir tudo isto e mais um universo de sensações e sentimentos, só me passava pela cabeça como a vida é maravilhosa e como a felicidade é inspiradora. Uma imensidão de ideias começaram a pulsar, vindas de todos os lados e direções. Outra vez aquela sensação que parecia estar adormecida em mim: a capacidade de sonhar. Novamente aquela vontade de ir desbravar o mundo, de ir, ir e só ir! De por em ação todos os itens da minha bucket list. De arriscar, de não ter medo de ser eu mesma, de sentir, de viver. Estar aqui de passagem e poder, no final, dizer "eu estive aqui!". 

Não sei sequer se faz algum sentido o que acabei de escrever. Porque a tristeza tem um compasso totalmente diferente da felicidade: enquanto a primeira é lenta e organizada, a segunda é veloz e sem direções. Mas não há qualquer problema. Hoje estou feliz e isso é suficiente. 

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