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the old soul girl

the old soul girl

13
Jan20

love of my life

girl

Não sei sobre o que escrever. Se escrevo sobre estar a atingir os limites dos limites da paciência relativamente à minha família ou se escrevo sobre a vontade que sinto de estar em isolamento e desligada dos dramas que circulam à minha volta, como se fossem as tragédias mais drásticas deste mundo. Mas, depois, concluo que mais do que estar cansada desta situação, estou é mesmo cansada de viver em torno dela e me arrastar como se isto fosse a coisa mais importante da vida, o que não é. E, por isso mesmo, hoje vou escrever sobre ti, amor da minha vida, que tens sido a tábua a que me amarro, com unhas e dentes, nesta tempestade que assolou o oceano da minha vida e, por seres parte fundamental dela, te atingiu também a ti.

Houve uma fase, algures no tempo, em que eu, também fruto da minha veia romântica e dos inúmeros filmes que devorava, achava que o amor se expressava nas longas e delicadas cartas de amor, nos buquês de flores inesperados, nas surpresas imaginadas e preparadas ao milímetro, nas grandes manifestações que, por vezes, roçam o piroso. E eu cobrava-te todas essas coisas. Queria que provasses o quanto me amavas através desse conjunto de gestos, mesmo que ao exigir-te tudo isso, estivesse a desejar que fosses uma pessoa completamente diferente da que és. 

Mais tarde, felizmente, a vida encarregou-se de me mostrar que expressavas todo o teu amor todos os dias, nas mais pequenas e singelas coisas. Naquelas coisas que, por tomarmos por garantidas, achamos que são banais e comuns, quando, muitas vezes, são essas que tornam as relações especiais. O teu amor nunca chegou em gestos espalhafatosos, muitas vezes mais destinados aos olhares dos outros. Mas chegou sempre e, nos momentos mais difíceis, transbordou, chegando mais longe e mais fundo do que alguma vez tinha chegado. 

Sabes que eu acredito que todos os momentos da nossa vida, mas sobretudo os mais duros, têm sempre um lado positivo. Algumas pessoas acreditam que sou uma otimista incurável, outras julgam que sou só parva, mas, sendo uma ou sendo outra, continuo a acreditar piamente que na adversidade também existe riqueza. No seio das maiores adversidades da minha vida até à data, sendo esta última a mais arrebatadora, tu tens sido essa riqueza. Essa dádiva que mostra que nada nos é tirado, sem nos ser dado algo em troca. 

Desde o primeiro instante em que o meu telemóvel tocou e a minha vida antiga se desfez em cacos, tu estiveste comigo. Tu estás comigo todos os dias, em cada volta e reviravolta. Tu abraças-me para me confortar, abraças-me para me proteger e abraças-me quando não sabes o que me dizer mais. Abraças-me e todo o teu corpo me diz que me ama e que, se pudesses mudar alguma coisa, eu não estaria a passar por isto. E ficas genuinamente incomodado com este assunto, mas és o único que fica revoltado e zangado pela posição que ocupo. És o único que fica indignado com a carga diária de coisas que carrego às costas e és também o único que zela pelo meu bem-estar, sem qualquer condição. 

Mas mais do que toda esta preocupação e todas as vezes que cedes aos meus pedidos e ainda mais do que as vezes que limpas as minhas lágrimas (que, como sabes, só surgem na tua presença), o que me deixa perplexa no teu amor por mim é o modo incondicional como me amas quando eu deixo de ser eu. Quando eu me comporto como uma pessoa que certamente não é a pessoa pela qual te apaixonaste, quando eu me deixo cair num estado de total falta de vitalidade e me entrego ao meu modo de isolamento. Quando eu mudo de humor quatro vezes no espaço de meia hora. Quando tudo me parece um fardo, um esforço e mais uma exigência. O que me deixa abismada é que nesses momentos em que é verdadeiramente difícil amar-se uma pessoa, tu nunca deixas de me amar. 

Por isso, hoje, no lugar de me queixar ao mundo (pela centésima vez), desta situação que não escolhi, mas na qual estou envolvida, prefiro dizer obrigada à vida e, acima de tudo, obrigada a ti por seres a parte mais bonita dela. Ensinas-me todos os dias que existem mil e uma maneiras de amar. Tu, meu amor, não sabes nunca o que dizer, mas sabes sempre o que fazer. E a coisa que fazes melhor, no conjunto das inúmeras coisas que fazes bem, é, sem qualquer dúvida, amar-me. 

18
Nov19

it's you, it's me

girl

Acaba de me ligar para contar duas boas notícias. Sinto o entusiasmo na sua voz e sorrio. Adoro que me ligue sempre, sejam boas ou más notícias. Adoro a necessidade que sente de partilhar comigo o que abala o seu mundo, sabendo que abala também o meu. É como se ao fazê-lo multiplicássemos as alegrias e dividíssemos as tristezas. Adoro que ele saiba tudo que se passa na minha vida e que tenha estado lá desde o começo de toda esta tragédia. Mas que também tenha estado no começo de outras fases e tenha acompanhado de perto cada uma delas, inclusive o seu fim. De igual modo, adoro estar presente em todas as fases da sua vida. Há uma vida que partilhamos, mas depois existem pequenas ramificações que precisamos de vivenciar sozinhos. Nessas estradas paralelas, é bom sentir que estamos do outro lado da rua um para o outro.
Adoro a necessidade e o gosto que sinto em partilhar com ele alguma coisa que me acontece ou que descubro. Sinto essa urgência e, ao longo do meu dia, vou anotando mentalmente todas as coisas que lhe quero contar quando conversarmos à noite. Sempre foi o nosso ritual. Não somos adeptos de mensagens, preferimos falar ao telemóvel: é mais fácil, prático e podemos ouvir a voz um do outro. Podemos ouvir as expressões, as entoações, os risos, os suspiros. Habituamo-nos a conversar todas as noites, nem que seja para desejar uma boa noite um ao outro e dizer que nos amamos. Adoro quando me liga mais cedo do que o habitual para termos mais tempo para falar. Às vezes sou forçada a interromper a leitura, mas por ele quase que não importa. Aliás, importa só um bocadinho no início, a meio da chamada já não tem qualquer relevo. Afinal, ele é a minha história de amor real, verdadeira e não ficcionada. Uma das personagens principais da trama da minha vida.
Hoje dei por mim a pensar que nos conhecemos há praticamente uma década e que é muito pouco o que não sabemos um do outro. Ainda vamos descobrindo coisas novas, não só porque estamos, ambos, em constante mudança, mas também porque vamos partilhando cada vez mais de nós e com a exposição, vem a vulnerabilidade e todas as possíveis defesas e máscaras tombam. Gosto desta dualidade: de o conhecer tão bem e, ainda assim, encontrar coisas novas em si. Da descoberta. É como Proust diz "a única verdadeira viagem de descobrimento consiste não em procurar novas paisagens, mas olhar com novos olhos". O que significa que não é só ele que se dá a conhecer, sou também eu que vou ao encontro do que ele me dá. Porque se há coragem e entrega para dar, é preciso ter também a abertura e atenção para receber.
Sinto que nos aceitamos como somos e que nos permitimos ser livres. Não preciso de me esconder, de me refugiar numa versão qualquer que não a minha única e real. Ele não tem qualquer reserva em ser ele mesmo e eu fico feliz com isso. Que seja livre e, desse modo, nunca sinta necessidade de voar para longe.

Penso que isto é intimidade. Mais do que conhecermos os nossos corpos nus, conhecemos as nossas almas despidas, frágeis e vulneráveis. Somos experts um do outro. Companheiros desta viagem única, que escolhemos viver em conjunto e lado a lado. Porque sim, eu acredito que amar é uma escolha que fazemos todos os dias. Escolhemos aquela pessoa para ser a nossa pessoa, apostamos as nossas fichas todas nela e no que juntos construímos. Trabalhamos para os mesmos fins, aplicando os mesmos esforços e meios. Só assim faz sentido. Dois têm sempre de ser mais do que um, só assim vale a pena. 

30
Out19

quando as palavras dos outros substituem as nossas

girl

I love you without knowing how, or when, or from where. I love you straightforwardly without complexities or pride. I love you because I know no other way then this. So close that your hand, on my chest, is my hand. So close, that when you close your eyes, I fall asleep

Hunter - Patch Adams

Porque quando se trata de ti, meu amor, eu perco as palavras, as frases e tudo que é vocabulário. Sobretudo quando estás mal. Porque a tua dor, é a minha dor. A tua revolta é a minha revolta. Como Julio Cortázar escreveu "Si te caes te levanto, y si no, me acuesto contigo." 

14
Out19

Ler nos detalhes

girl

Amor é ele dizer que gosta de olhar para mim enquanto leio. Que a minha expressão é idêntica a de alguém que está prestes a devorar alguma coisa.


Amor é atenção aos detalhes e, com estes, conhecer e compreender o outro como mais ninguém.

10
Out19

A coisa mais maravilhosa

girl

Ele é terra, rochedo, fortaleza. É noite, mistério, silêncio. É de atos e não de palavras, o que explica o facto de saber sempre o que fazer e nunca saber o que  dizer. É confiança, às vezes aparenta arrogância, mas é mais simples e humilde do que imaginam. É correto, tem os valores certos, não fosse ele senhor de saber sempre o valor e preço de tudo. É dado ao detalhe, à minúcia. Quando reparam, já ele viu há muito. É todo ele lógica, razão, factos e certezas. Afinal só afirma ter certeza quando sabe que a tem. E a verdade é que tem sempre. É bússola, com ele não há caminhos perdidos nem desnortes. Mesmo que desorientado, ele arranja sempre uma estrada para percorrer e que o leva ao seu destino. Tem medos, mas a coragem fala-lhe sempre mais alto e, por isso, nunca deixa de ir, de fazer e de acontecer. Mesmo que a bagagem venha atolada de receios. É sensível, mas nem todos o conseguem ver. Porque estão cegos: basta olhar a forma como ele sorri quando a sua cadelinha, fiel companheira, lhe pede atenção. Ou a forma emocionada com que fala dela e de todos os outros animais. Gosta de velocidade, mas também de controlo. É cauteloso e assertivo, não ousa nem deixa que o pisem. 

Ele é um mundo de coisas maravilhosas. O meu mundo, na verdade. O único mundo que não me foge dos pés. Que não é cruel ou injusto. Pelo contrário. Olha por mim e ainda, ao fim de quase uma década, olha para mim como se eu fosse uma novidade. Cuida, protege, mima, abraça, ama. Ama verdadeiramente, dando sem nunca esperar receber nada em troca. Minto: espera sempre a mesma coisa. Duas mãos sincronizadas, ternas e meigas, fazendo trajetos e rotas pela sua pele. 

Obrigada, amor. Sabes que te adoro, não sabes?