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the old soul girl

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17
Ago20

#6 Self-care Journal: List 10 new books to read

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Não sei se estes 10 livros serão todos novos, mas são aqueles que me apetece ler nos próximos tempos:

1. Heart Bones - Colleen Hoover 
2. Layla - Colleen Hoover
3. Being Mortal: Medicine and What Matters in the End - Atul Gawande
4. Aceitaçõ Radical - Tara Brach
5. The Guest List - Lucy Foley
6. His & Hers - Alice Feeney
7. O que faria Freud? - Sarah Tomley
8. O Corpo: Um guia para ocupantes - Bill Bryson
9. Memórias, Sonhos, Reflexões - C. G. Jung
10. The Simple Wild - K.A. Tucker

14
Ago20

#5 Self-care Journal: 10 beauty self-care ideas to try

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As minhas ideias de beleza e autocuidado são muito básicas e assentam numa premissa simples: cuidar do interior é também uma forma de cuidar do exterior. Por isso, seguem as dicas que pratico no meu quotidiano, alternando entre a camada externa e interna:

1. Beber água

É um desafio para pessoas que, como eu, podem passar um dia inteiro sem sentir sede. O truque (que funciona comigo) é ter sempre uma garrafa de água e ir bebendo ao longo do dia, em quantidades menores, mesmo que o corpo não manifeste grande vontade. O foco é estabelecer um objetivo de x litros por dia e orientar forças para a concretização desse mesmo objetivo. O meu são os 2L diários e tenho-me superado!

2. Hidratação

Além da hidratação via ingestão aquosa (ver dica 1), é importante cuidar da pele (e também cabelo). Para mim, que sou uma preguiçosa no que diz respeito a estas coisas, aplicar creme hidratante todos os dias é um feito. O meu mindset passou a ser o seguinte: uma ação só se torna um hábito depois de ser praticada n vezes. Por isso, comecei a aplicar creme diariamente, a aproveitar esse momento para descontrair, e o que era um frete passou a ser um hábito que faço com todo o gosto. Além disso, tem o plus de que a pele fica super fofinha e a cheirar maravilhosamente bem!

3. Exercitar o corpo

Movimento, o nosso corpo precisa de movimento! Nós fomos feitos para nos movermos! Mas quando se tem um emprego em que as oito horas são passadas sentadas em frente a um computador, pode tornar-se um bocado difícil nos movermos a toda a hora. Para algumas pessoas, o gosto pelo desporto é inato e sentem-se verdadeiramente felizes quando estão a sofrer entre pranchas e halteres. Para outras, o exercício físico é um tormento. No entanto, tenho a minha teoria: todos nós gostamos de exercício, só temos de descobrir qual é o ideal para nós. Depois de descobrirmos o que nos faz sentir ativos e vivos, rapidamente se torna em algo prazeroso! Até porque, vamos lá admitir, não há muitas sensações que saibam tão bem como chegar ao final de um treino, com a sensação de dever cumprido certo? Eu adoro caminhadas, cardio, dança, localizada. Gosto, acima de tudo, de estabelecer objetivos e de me superar. Ter um corpo tonificado e saudável são os bónus! 

4. Dormir

O sono é a melhor meditação de todas as meditações, já dizia Dalai Lama, e é a mais pura das verdades. Dormir bem é reparador, não só para o corpo como para a mente. O nosso cérebro precisa do sono para fazer a triagem da informação recebida durante o dia, selecionando a que fica guardada daquela que vai direta para a reciclagem. Sei que no nosso quotidiano o tempo é algo que nos foge das mãos e, por isso, tentamos aproveitar todos os segundos e consideramos que parar é morrer, que dormir é um desperdício de tempo. Mas não é verdade, dormir é uma condição essencial para estarmos a 100% para aproveitar a vida. Poucas coisas sabem tão bem como dormir uma noite inteira, sem despertares, profundamente!

5. Alimentação saudável

Eu não vos disse que as minhas dicas eram do mais básico que poderia existir? Isto são apenas verdades de La Palice! No entanto, nunca é demais reforçar que o nosso corpo é a nossa casa, é o nosso templo sagrado e, como tal, temos de cuidar dele da melhor forma possível. É preciso nutrir o nosso corpo com alimentos do bem, ricos em nutrientes, que nos permitam ter energia e vitalidade para usufruir da nossa estadia nesta vida maravilhosa. Claro que há espaço para o chocolatinho maroto, para a francesinha mensal, há espaço para tudo, desde que a palavra-chave seja equilíbrio! 

6. Respirar conscientemente

Aprender a respirar bem é uma ferramenta importantíssima, que todos devíamos ter na nossa caixa de pronto socorro da vida. Respirar profundamente, sem pressas, permitindo ao corpo absorver o ar puro e libertar o tóxico liberta-nos a mente e tranquiliza-nos o corpo. Parar ao longo do dia para verificar como está a nossa respiração e perder uns segundos a fazer três a cinco respirações conscientes é das melhores formas que temos para expressar ao nosso corpo e à nossa mente de que está tudo bem, está tudo tranquilo. Muitas vezes, no trabalho, quando vou à casa de banho, fico um bocadinho a respirar fundo. Inspiro lentamente, sentindo o ar chegar a cada ponto do meu corpo e depois expiro, de forma controlada e longa, de forma a que o ar vá saindo aos poucos, como se o meu corpo estivesse a esvaziar. Aparentemente nada se altera, mas por dentro sinto-me plena e confortada.

7. Expressão emocional

Rir, chorar, soltar um suspiro, um grito se for necessário. Expressem-se pela vossa saúde. As emoções existem para nos guiar, são indicadores do nosso estado mental e precisam de ser ouvidas e libertadas. Aceitar o que estamos a sentir, neste instante, é o truque para que a emoção, seja ela qual for, seja experienciada e passe. Sim, as emoções são transitórias quando as aceitamos e lhes damos espaço para se libertarem. Afinal, qual é a pior coisa que pode acontecer? O pior advém, acreditem, quando não o fazemos. 

8. Sorrir :)

Faço parte do grupo de gente que acredita que a sorrir tudo se torna melhor. Sorrir ilumina-nos e ilumina os que estão ao nosso redor. Mesmo nos dias difíceis, um sorriso tem a capacidade de apaziguar a dor e, biologicamente falando, quando sorrimos transmitimos ao nosso cérebro a mensagem de que está tudo bem. Por isso, sorriam sempre e sorriam muito :)

9. Desfrutar da vida

Não se levem a sério, aproveitem a vida ao máximo, mesmo nas coisas mais simples e singelas. Estejam abertos à experiência e não tenham medo de correr riscos. Eu escrevo-vos isto e escrevo-o para mim também, que vivo sempre com o modo medo ativado. Cantem a caminho do trabalho, dancem no quarto, façam coisas que elevem o vosso espírito para cima, que vos preencham o coração. Para mim, ler um bom livro, ver aqueles filmes clássicos que já vi mil vezes mas que mesmo assim me encantam sempre (sim Dirty Dancing, estou-me a referir a ti!), jogar uno com a minha família, ouvir música bem alto e dançar sem vergonhas, escrever,  beber uma boa chávena de chá, são tudo coisas que me fazem sentir bem. Descubram o que vos faz bem e façam-no! 

10. Agradecer

Por último, mas não menos importante, agradeçam. Agradeçam o simples facto de estarem vivos, de respirarem, de cá estarem. Agradeçam, mesmo pelas adversidades que a vida trouxer, porque não há crescimento nem transformação sem dor, a vida é mesmo assim, uma constante e incessante procura pelo equilíbrio. Pensem no milagre que é o funcionamento do nosso planeta, do nosso corpo, na riqueza que existe neste mundo e sintam-se gratos por terem a oportunidade, ainda que vã, de poderem usufruir desta magia. Quando agradecemos pelo que temos, mesmo que não pareça ser muito, o pouco transforma-se em riqueza. 

13
Ago20

#4 Self-care Journal: Imagine you're on a relaxing walk on a perfect warm day and describe every detail.

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Era o aniversário da minha mãe e o universo decidiu oferecer-lhe como prenda um dia solarengo maravilhoso. Soube que seria um dia bom assim que os raios de sol me despertaram, entrando pelas frinchas teimosas das velhas persianas. Estava decidido: aquele sol não seria desperdiçado. 

Chegamos à praia mais rápido do que a velocidade da luz. Mas não iríamos fazer praia. Não, os nossos planos eram outros. Percorreríamos um dos trilhos mais bonitos que alguma vez conheci, onde o oceano e a terra se abraçam e nunca mais se largam. Naquele dia, éramos um trio de exploradores: eu, a minha mãe e o mar. 

Iniciamos o nosso percurso e foram as flores que captaram a minha atenção. Numa subida particularmente exigente, a minha atenção era toda dirigida às flores que nos cercavam. Amarelas, laranjas, violetas. Acabadinhas de acordar, não fosse primavera! Para onde quer que os meus olhos se dirigissem, apenas via rasgos de cor. A minha mãe olhava para o mesmo cenário e sentia o mesmo encanto. Quando nos apercebemos, já estávamos no topo da colina e o caminho até lá chegar fora passado a admirar o arco-irís em terra. 

Seguimos a direito, numa zona alta, onde se situam diversos moinhos e, mais adiante, um farol. Ao nosso lado, sempre o mar, tranquilo e apaziguante. Os cristais brilhantes provocados pelo reflexo do sol na água será sempre uma das coisas maravilhosas da vida. Continuamos a caminhar, entre conversas de mãe e filha, conversas que aproximam e aquecem, quando chegamos a um desfiladeiro. Descendo, a sentir o sol queimar a pele e a brisa marítima a empurrar o corpo, fomos ter a uma praia. 

A minha mãe, apaixonada pelo areal, quis continuar a caminhada com os pés bem assentes na areia. Fiz-lhe a vontade (afinal, o dia era seu!) e caminhamos, sem destino, pela praia, à descoberta. Não sei quanto a vocês, mas sempre que piso a areia e ouço o mar, sinto uma paz que me domina. É um local sagrado. Os meus olhos percorrem atentamente o areal em busca de conchas e búzios, completamente maravilhados com a arte da natureza. 

De repente, abre-se um caminho diante de nós. Parece-nos convidativo e optamos por abandonar a praia e seguir aquele trilho. O som das ondas torna-se cada vez mais distante à medida que entramos na floresta. As árvores, altas e esguias, protegem-nos do calor do sol. A sua elegância e porte fascina-me. Afinal, as árvores morrem de pé. Não haverá, creio, nada mais digno. A sombra por elas provocada permite-nos refrescar. Naquele paraíso verde, ouvimos os pássaros em melodias entre-cruzadas. Respiro fundo e o ar parece mais puro e fresco. Torno a sentir-me em paz. Uma tranquilidade que só a natureza é capaz de proporcionar. Um conforto que cheira e sabe a casa. Um lugar de pertença. 

No meio da floresta, ouve-se um riacho a correr. Parece uma cena mística e mágica, retirada de um livro de contos. Olho para a minha mãe e sorrio. Ela está tão maravilhada quanto eu. Está feliz. Estamos em sintonia. Sei e sinto que aquela caminhada foi o melhor presente que lhe poderia ter oferecido. Um pedaço de natureza e paz podem saber pela vida quando tudo nos parece poluído e tóxico. 

O sol torna a romper, entre as copas das árvores, e começo a avistar o fim do nosso trilho. Não sou a mesma que era no seu começo. Algures entre o mar e a terra, entre as flores e as árvores, deixei angústias, dores e anseios. Sinto-me viva, renascida, plena. E, ao ver o sorriso da minha mãe, sinto-me feliz e grata. 

12
Ago20

#3 Self-care Journal: Describe your perfect mourning

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A manhã perfeita começa com um acordar tranquilo, sem despertador, abraçada no conforto e calor dos braços do meu amor. Levanto-me, esticando o corpo, e vou até à janela para descobrir um sol luminoso, envolvido por um céu azul com apenas um rasgo aqui e ali de nuvens, semelhante às linhas deixadas pelos aviões. A temperatura está ótima, está calor e corre apenas uma ligeira e suave brisa, que sabe pela vida. Tomo um pequeno-almoço rico e nutritivo, repondo os níveis de energia para viver este dia maravilhoso que me foi dado. Como sem pressas, saboreio, delicio-me com o contraste de sabores e termino em grande, com a minha sempre fiel chávena de chá. Faça frio, faça calor, o meu chá nunca pode faltar.
Refresco-me com um banho rápido, que me dá a verdadeira sensação de despertar e visto uma roupa confortável, leve e fresca. Não preciso de me arranjar, não são necessárias mordomias. Calço as sapatilhas de desporto e sigo o meu caminho. Vou ao encontro do meu lugar favorito. Um lugar onde o mar e o monte se abraçam, onde posso percorrer trilhos envolvidos pelas árvores altas e frescas e outros acompanhados pelo mar, olhando para o horizonte infinito. Caminho com vitalidade e vigor, a cada passo que dou sinto-me viva e grata pela vida. O sol queima-me a pele, o suor começa a escorrer pelas costas abaixo, mas tudo me sabe a vida e continuo o meu percurso. Estou na natureza mais pura e simples, sinto uma tranquilidade que me faz sentir em casa. Ali estou em paz, enquanto me movimento e me perco nas flores, nas árvores, no chilrear dos passarinhos, no som das ondas. Quando termino a minha caminhada, sou invadida por uma sensação de bem-estar que ultrapassa qualquer cansaço.
Regresso a casa, agora pronta a tomar um banho demorado. A água lava-me o corpo e também a alma. Não há dor nenhuma que um banho de água quente não seja capaz de apaziguar. Seco-me, hidrato a minha pele com cuidado, penteio o meu cabelo, olho-me ao espelho e sorrio. O meu rosto está vermelho do vapor da água quente, os meus olhos brilham com a felicidade que sinto dentro de mim e o meu sorriso faz-me sentir plena.
É então que me sento, por vezes no chão, por vezes na minha cama, e me entrego à meditação. Respiro devagar e profundamente, entrego-me a cada inspiração e expiração como se nada mais importasse naquele momento porque, na verdade, nada realmente importa. Regresso a mim, regresso a casa. Sinto-me em paz e grata. Sinto-me numa relação de amor comigo mesma. Agradeço-me e agradeço à vida. Quando olho para o relógio, a manhã já passou e, como sempre, foi vivida em perfeita harmonia.

11
Ago20

100 Self-Care Journal Prompts Challenge

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Depois de ver o destaque (obrigada equipa sapo ) em relação ao novo desafio a que me propus, decidi partilhar com vocês as 100 questões/propostas de escrita, que compõem este desafio. 

Escusado será dizer que estão todos mais do que convidados a juntar-se a esta jornada de autoconhecimento e que terei todo o gosto em acompanhar as vossas reflexões :)

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11
Ago20

#2 Self-care Journal: Write down your top 5 favorite inspirational quotes

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1. Carpe Diem: Seize the Day
De acordo com a Wikipédia, carpe diem é parte de uma frase latina carpe diem quam minimum credula postero (aproveita o dia e confia o mínimo possível no amanhã) da autoria de Horácio. Para mim, será sempre lembrada como uma das maiores lições que aprendi com o Captain! do Clube dos Poetas Mortos, um dos melhores e mais incríveis filmes de todos os tempos. Recorro muitas vezes a este mantra, faz-me desfrutar mais do momento presente, focando a minha atenção naquilo que é importante. Faz-me sentir grata por estar viva e, simultaneamente, que devo agarrar essa oportunidade e bênção, aproveitando cada segundo.

 

2. Just keep swimming
A primeira vez que ouvi esta frase foi no filme À procura de Nemo, pela autoria de Dory, a peixinha azul com uma memória muito reduzida. Dory dizia que perante os problemas que nos parecem afundar, o que podemos fazer é continuar a nadar, nunca desistindo de chegar à tona. No entanto, esta frase ganhou ainda mais importância para mim quando li o Isto aqui aqui de Colleen Hoover. Escrevi acerca deste livro, pela forma como me marcou, e esta frase tem estado no fundo do meu telemóvel desde esse dia. Era o lema que guiava Lily e Atlas e passou a guiar-me também a mim. Porque por maior que seja a tempestade, não podemos desistir, não podemos deixar de tentar. Não há mal que para sempre dure. Esta frase motiva-me a continuar, a manter-me em movimento, a nunca baixar os braços perante as adversidades que se cruzam no meu caminho.

 

3. Tudo o que construímos como problemas, não podemos reconstruir como soluções?
Esta é uma das frases que me acompanha há muito tempo, desde os tempos da faculdade. Li-a numa livro sobre construtivismo e, naquele imediato momento, apressei-me a escreve-la num post-it e a cola-la no meu quadro de cortiça. Queria que estivesse bem presente para que todos os dias a pudesse ler e me inspirar. Já se passaram anos e esta frase continua a ser um farol que me ilumina. Resume não só a minha forma de estar na vida como a forma como olho para ela. Nada é puramente negativo, tudo pode ser resignificado e tudo constitui uma fonte de aprendizagem.

 

4. Tudo parece impossível até estar feito.
Uma frase de Nelson Mandela que me acompanha sempre e que me inspira tanto perante desafios, dificuldades, tarefas e situações penosas. Lembro-me de estar a escrever a minha tese de mestrado e me amarrar a este lema como se fosse oxigénio. Em todos os momentos críticos da minha vida, que exigem esforço e uma recompensa que não é imediata, guio-me por esta frase. O que hoje é difícil e impossível de alcançar, amanhã tornar-se-á mais fácil e estará menos distante. Porque tudo é um processo, em constante movimento, que nos aproxima sempre mais um bocadinho da nossa meta.

 

5. Para ser grande, sê inteiro/ Põe quanto és, no mínimo que fazes.
Para terminar, um lema da autoria de Ricardo Reis que, se na altura que eu estava a estudar Fernando Pessoa me parecia o heterónimo mais enfadonho, hoje parece-me um dos mais sábios. Este é não apenas o meu lema de vida, como a definição mais básica que posso dar a alguém acerca da minha pessoa. Concilia tudo aquilo em que acredito: a dedicação, a determinação, o fazer as coisas com alma e coração independentemente de as coisas serem pequenas ou grandes, para uma ou muitas pessoas. Desde que me conheço que acredito que o esforço, o trabalho e a dedicação nos levam longe, mesmo que não nos levem necessariamente mais rápido. Todas as grandes conquistas da minha vida foram alcançadas com este mote bem presente.

10
Ago20

#1 Self-care Journal: What is your favorite book of all time and why?

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Quando quero escrever, mas não sei exatamente acerca de que assunto, gosto de me inspirar em desafios. No ano passado, dediquei-me ao dos 30 dias de escrita e se no início pensei que seria uma excelente forma de explorar a escrita criativa e dar asas à imaginação, rapidamente percebi que cada uma daquelas 30 ideias de escrita servia o propósito de me por a reflectir e resignificar momentos e memórias. 

Pelo bem que me fez e pela quantidade de gavetas mentais que ordenei, achei que estava no momento de me entregar a algo do género. Desta vez, são 100 questões que visam o autocuidado e, claro, o autoconhecimento. 

A primeira questão é:

What is your favorite book of all time and why?

Eu considero sempre perto do impossível a ideia de escolher um livro favorito, assim como não sou capaz de escolher o melhor filme que já vi ou uma música favorita. A verdade é que não tenho apenas um, mas vários livros (e filmes, músicas, bandas, etc.) que ocupam um lugar especial no meu coração e, como tal, é ingrato selecionar apenas um. Até porque eu leio diferentes estilos literários e dentro de uma categoria poderá haver um que se destaque mais, mas no todo dos livros da minha vida, poderá ficar esquecido.
Por isso, vou optar por responder a esta questão guiando-me pelo livro que me surgiu de imediato na memória. Não será, seguramente, o melhor livro que já li, nem aquele que mais me impactou, mas é, sem dúvida, um dos livros que marca a minha vida. Falo-vos de A Lua de Joana de Maria Teresa Gonzalez.
Perdi a conta ao número de vezes que o li, mas posso assegurar que a cada leitura, me toca mais e mais. Este é um livro clássico, que li no inicio da minha adolescência e que me fez questionar.

Começou por me fazer questionar acerca do final, não por se tratar de um fim aberto, mas por não nos ser dado de forma direta. Na primeira vez que o li, passei os dias seguintes a tentar digeri-lo, questionando todos os meus colegas de escola se tinham compreendido o mesmo final que eu havia entendido. Queria certificar-me de que aquele desfecho trágico era real, porque não conseguia acreditar que algo tão triste pudesse acontecer a uma pessoa tão jovem, tão semelhante a mim e aos meus pares. Levou-me a questionar sobre a facilidade com que nos perdemos do nosso rumo e sobre a forma como podemos estar rodeados de gente e, ainda assim, nos sentirmos completamente sozinhos e abandonados. Fez-me pensar na invisibilidade e no modo como passamos tantas vezes despercebidos aos outros. Às vezes forçamo-nos a usar uma máscara que esconde toda a nossa dor, outras vezes nem precisamos de o fazer, porque o mundo anda tão rápido e as pessoas estão tão mergulhadas nas suas vidas e problemas, que não reparam nas dores que os outros carregam.
Mas o que mais me marcou e que ainda hoje trago comigo é aquele final, aquele pai, perdido na perda, de relógio na mão, entregue à triste e dura descoberta de que agora tinha todo o tempo do mundo, mas para quê? O melhor presente que podemos dar às pessoas que amamos é o nosso tempo, pois este tempo é, de igual modo, o nosso bem mais precioso. Escolhemos dar o nosso tempo sempre que escutamos, em vez de ouvir; sempre que vemos, em vez de olhar. Uma conversa real, em que ambas as partes se ouvem atentamente, se sentem compreendidas e abraçadas, vale mais do que qualquer bem material, por maior que seja o seu valor. Quando só restava a lua de Joana, o seu pai compreendeu que aquela tatuagem, com o relógio parado, traduzia um poderoso e gritante pedido, assente numa grande e cruel solidão.
Talvez por me ter marcado tanto e ainda estar tão presente em mim, mesmo depois de tantos anos, este livro será sempre um dos livros da minha existência. É de uma escrita tão simples e deliciosa, que nos envolve e prende. É de uma riqueza tão grande e alerta - tanto adolescentes como pais - para a forma débil e confusa como comunicamos. Tudo é comunicação, tudo é uma forma, um veículo de transmitir um pedido, uma mensagem. É preciso estarmos atentos uns aos outros, pois esta atenção é, também ela, uma forma de expressarmos todo o nosso amor.

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