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the old soul girl

the old soul girl

25
Mar20

my little sister

girl

Dou comigo a pensar nas coisas positivas que podemos retirar desta situação que todos nós nos encontramos. Ainda que estejemos a vivê-la de forma diferente, porque uns estão em isolamento em casa, outros continuam a trabalhar e há aqueles, ainda, que estão doentes, acho que é comum a todos o sentimento de angústia, de ansiedade, de incerteza. Perante um cenário que não se promete colorido e otimista, torna-se, a meu ver, imperativo arranjar estratégias que nos ajudem a viver estes dias com a maior tranquilidade possível.
Por isso, vai daí, que comecei a pensar e uma das coisas positivas que surgiu no topo da minha lista foi a possibilidade de passar mais tempo com a minha irmã. E depois apercebi-me que poucas (ou nenhumas) vezes escrevi sobre ela e isso é uma falha enorme da minha parte, porque a minha irmã é das pessoas mais especiais da minha vida. É aquela pessoa com quem posso não falar uma semana, mas quando falo é como se nada se tivesse alterado. É das poucas pessoas neste mundo com quem me sinto à vontade com a ideia de ser eu mesma e com quem posso realmente sê-lo. Não existem vergonhas nem embaraços entre nós e essa é uma condição que só atingi, nesta vida, com escassas pessoas, que se podem contar pelos dedos de uma só mão. Posso estar à beira de um colapso emocional, mas quando estou perante a minha irmã, assumo o meu lado mais sereno e protetor, como se nada no mundo fosse realmente importante ou grave. Porque, na verdade, quando o objetivo é vê-la calma, nada mais importa.
A minha irmã é um ser humano incrível. Tem sido uma aventura vê-la crescer e transformar-se na pessoa que é hoje. No entanto, confesso sentir saudades de quando éramos, ambas, meras crianças, que passavam horas a brincar ao faz de conta, tão entretidas no nosso mundo imaginário que o tempo passava por nós e nós não dávamos por ele. O tempo passou e tornou a passar, hoje somos duas jovens adultas, que já não brincamos ao faz de conta, é certo, mas não deixamos de brincar. Somos estupidamente parvas, irritamo-nos mutuamente, mas sabemos que tudo aquilo que nos une é muito mais forte do que qualquer coisa que nos separasse.
Por isso, passar mais tempo com ela só pode ser compreendido como uma bênção. Porque a verdade é que crescemos e com o amadurecimento vem também um afastamento inevitável, as nossas vidas nunca deixam de se cruzar, mas passam-se os dias e nós vamos deixando cada vez mais de fazer parte dos dias uma da outra. Perdem-se momentos simples que, com esta situação, estamos a recuperar. É uma alegria chegar a casa e tê-la presente, disponível. É confortante partilharmos o nosso dia uma com a outra, estarmos juntas depois do jantar nas nossas atividades de sempre.

É simplesmente bom. É uma coisa maravilhosa da vida. A minha irmã. 

23
Mar20

one way or another

girl

Mais do que nunca preciso de manter este emprego, mais do que nunca apetece-me desistir e entregar a minha carta de demissão. Estou numa encruzilhada, onde sei qual é o caminho a seguir, embora não seja o caminho certo. Porque o caminho a seguir é o da responsabilidade e bom senso, de me manter sossegada e focar-me no objetivo mais importante, que é ter dinheiro para pagar todas as contas que vão cair no final deste mês. O caminho a seguir é assegurar que o dinheiro não falta, porque ter um emprego, neste momento, é uma segurança, uma tábua de salvação no meio do oceano e todos sabemos que os próximos tempos serão de tempestade. Mas o caminho certo não é este. O caminho certo é aquele que é percorrido com dignidade, com os valores que me foram transmitidos e com a certeza de que a minha saúde está em primeiro lugar. Porque, neste momento em que me encontro, não posso afirmar estar doente, mas também não estou sana e conheço bem a velocidade com que se entra em espirais de tristeza, cansaço e desespero. Conheço-me bem e sei quando estou à beira daquele que é o meu limite.
Mas também sei que estou numa situação em que não o posso fazer. Uma situação na qual o limite tem de se expandir, tem de ir mais além. Porque preciso, mais do que alguma vez precisei, do dinheiro e da segurança que este emprego do demo me traz. Sinto-me uma hipócrita, sinto que me estou a apunhalar nas próprias costas. E questiono-me até quando vou aguentar. Se serei eu a parar ou o meu corpo a parar por mim. O copo encheu, transbordou e não cabe nem mais uma gotícula. Se até aqui já me sentia desmotivada e num ambiente hostil, os últimos dias mostraram-me que ainda não tinha visto nada. Que o pior ainda estava para vir. E tanto estava para vir, que chegou, instalou-se e eu não sou mais a mesma dentro destas quatro paredes. A diferença é notória, visível, palpável. O meu rosto cansado, a minha falta de energia, o meu sorriso caído.
Gostaria de pensar que estou num dilema, mas na verdade, não estou. O caminho a seguir é muito óbvio e claro. Só espero que, ao percorrê-lo, não me perca.

20
Mar20

reset

girl

Estava longe de imaginar que as minhas últimas palavras teriam de se transformar no nosso lema de vida coletivo para os próximos tempo: olhar para o lado bom das coisas, mesmo das negativas. Posso dizer-vos, com honestidade total, que nunca imaginem que, no espaço de tão pouco tempo, as coisas se transformassem desta forma e que, de repente, todos os planos, todas as rotinas, toda a normalidade ficasse suspensa e refém. É caso para assegurar que a vida muda mesmo no ápice e sem nos darmos conta.
Quanto a mim, a vontade de escrever tem sido muito pouca, embora não me faltem assuntos e temas para explorar. Falta-me também tempo para o fazer porque, para meu pesar, não posso ficar em casa, o trabalho continua e, de acordo com as palavras do nosso primeiro ministro, o país não pode parar. Mas confesso que me sinto desgastada e com a sensação de que a semana não demorou apenas cinco dias, mas toda uma vida a passar. Sinto-me cansada e indignada com tanta coisa a que tenho assistido, oscilando entre me revoltar ou me encolher e conformar. Penso para mim que, apesar de sempre me considerar uma alma velha, ainda reside uma réstia de juventude em mim nestes momentos em que me indigno com as coisas, desejando que fossem diferentes, em vez de as aceitar tal e qual como são e me conformar. Falta-me essa serenidade e capacidade de ver mais além, de me posicionar acima de tudo o que não me acrescenta e apenas me consome. Mas não é fácil e eu sinto-me desmotivada como nunca pensei ser capaz de me sentir. Acho que só conhecemos os nossos limites quando os ultrapassamos e, pela primeira vez, acho que cruzei a meta dos meus. Ao mesmo tempo, mais do que nunca, sei que preciso de cuidar de mim. De me rodear de todas as coisas e pessoas que me trazem vida, de gastar energias nas coisas que valem realmente a pena e fazem a diferença.
Mais do que nunca procuro motivos pelos quais me sentir grata. E procuro formas positivas de encarar cada dia, porque se há alguma coisa que esta situação nos tem ensinado a todos, é que temos de viver um dia de cada vez. Hoje, tenho de ser sincera, o meu foco está em terminar o trabalho e fazer reset. Em descansar e sossegar o meu coração e a minha mente.

06
Mar20

todas as coisas maravilhosas #20

girl

Esta semana perdi o pio. Literalmente. Tenho estado afónica e, apesar de não ser agradável ter a garganta inflamada e tossir de minuto a minuto, encontro uma vantagem em não falar: ouvir. Não me refiro apenas a ouvir mais os outros, porque isso talvez até não seja uma grande vantagem quando se passa o dia rodeada de gente doida, como é o meu caso. A vantagem está mesmo em ouvir-me mais a mim. No silêncio os meus pensamentos abrandam e consigo tomar mais consciência do meu discurso interno. Tem sido engraçado e tranquilizante. Este auto mute induzido trouxe-me paz, a paz que somente se encontra quando tudo se silencia. Conhecem aquele momento épico de sossego que sucede depois de, num cabeleireiro, os secadores se desligarem todos ao mesmo tempo, como se as cabeleireiras estivesse sincronizadas na perfeição? É por momentos como esse que gosto de ir cortar o cabelo. Para sentir aquela acalmia e tranquilidade do silêncio, do terminar de um barulho ensurdecedor.
Muitas vezes, os meus pensamentos assemelham-se a esses secadores endiabrados que se ativam todos ao mesmo tempo. Por essa razão, soube-me tão bem silencia-los esta semana. O que também me faz pensar que no meio das coisas mais chatas da vida há sempre uma coisinha aqui e acolá que pode ser vista como positiva. E isso é, sem dúvida, uma coisa maravilhosa. O facto de tudo depender da perspetiva com que é recebido é uma coisa maravilhosa desta vida.

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