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the old soul girl

the old soul girl

19
Dez19

2019 foi o ano em que ... #1

girl

... me afastei de muita gente. Não apenas de pessoas que pouco acrescentavam à minha vida, mas de quase toda a gente no geral. E mesmo daqueles dos quais permaneci próxima, afastei-me emocionalmente. Não creio que o isolamento seja uma estratégia eficaz ou benéfica, mas foi uma das poucas que encontrei para me manter à tona, sobretudo nos períodos mais complicados. A ideia de alguém invadir a minha armadura tão bem construída e saber o que se estava a passar na minha vida assustou-me, ainda me assusta, não fosse eu uma pessoa reservada e cautelosa. Mas houve um outro motivo que pesou neste afastamento e que não me deixa orgulhosa. Grande parte de preferir ficar em casa, na minha companhia e dos meus livros, deve-se a não ter o menor interesse em estar a par das vidas dos outros, mesmo que estes outros sejam pessoas próximas de mim e para as quais apenas desejo o melhor.
A paciência para estar no café a ouvir falar do trabalho do x, do concerto ao que o y foi, ou do dilema entre ir a Itália ou a franca de férias deixou de existir. Sei que as conversas triviais fazem falta e mais falta fazem quando tudo em que conseguimos pensar se centra maioritariamente em questões complexas, densas e difíceis. Mas quando estamos tão saturados de tudo, quando sentimos que carregamos o mundo às costas, não nos apetece conviver com aqueles cuja vida corre de feição. Não me interpretem mal, adoro os meus amigos e fico feliz por eles terem a oportunidade de viverem em pleno e completo a idade que têm, de não terem de ser pais dos seus pais ainda, mas a realidade deles é tão diferente da minha, que deixei de me relacionar com aquilo a que chamam problemas e com aquilo que os move e preocupa.
Torno a dizer: não me orgulho. Gostava de ser capaz de me abrir, de chorar as minhas dores, de por tudo para trás das costas e viver mais. Mas também reconheço a necessidade crescente que sinto de estar na minha companhia, por ser uma companhia e presença de onde não me é exigido nada, onde não tenho de me esforçar, onde posso estar tranquila. Faz algum sentido?

Isolei-me na ilha que sou, na tentativa de encontrar toda a serenidade que não consegui (e ainda não consigo) encontrar no mundo exterior. Porque o meu cansaço atingiu um limite tão elevado que até os eventos sociais se tornaram um sacrifício, por serem mais um momento de pura representação, de mais uma vez colocar a máscara e bloquear tudo o que sinto. Há compromissos, como o trabalho, dos quais não posso fugir, mas todos aqueles cuja porta estava aberta, saí e corri sem olhar para trás.  

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